Sobre um sonho angustiante
São 4:52 da manhã e acordei chorando por causa de um sonho que tive. Sonhei que estávamos numa festa na casa da vó Zilda. Tinha pipoca e bolo. Mas numa hora a Tereza estava mexendo num celular e notei que ela estava estranha.. De repente, eu já aparecia na uepa. Tinha muita gente, mas notei que só eram rapazes brancos e carecas... como se fossem cópias. Então um deles notou que eu tinha percebido que eles não eram reais. Veio atrás de mim, mas quando ia me pegar, eu voltava pra festa, como se nunca tivesse saído dali. A Tereza me olhava do canto da mesa e num olhar eu entendi que ela estava estranha por causa daquilo. Eu sabia que a gente teria que ir embora. De alguma forma, eu sabia.
Ela preparou uma mochila. Disse que estavam atrás da gente por minha culpa, que a gente teria que ir pra longe por um tempo e fugir da nossa vida. Eu choro enquanto escrevo isso. Na minha mochila, tinha algumas coisas que não eram minhas. Quando estávamos na rua, eu olhei lá dentro e não vi meu celular e meu fone.. então pensava nos meus amigos, nos textos que ainda não terminei de escrever, nas músicas que ainda não aprendi a cantar.. e sentia um aperto.. pedi implorando pra mamãe pra voltar e pegar o celular. Eu voltava correndo, largava a mochila que não era minha no chão e vinha. Quando eu chegava, pegava meu celular, meu carregador e meu fone. Minhas irmãs também voltaram. Peguei o fone da Gaby também e quando vi, estavam as três atrás de mim, olhando com um olhar pesado, se despedindo da casa. Eu entrei no quarto e senti vontade de chorar por causa dos meus livros. Eu não ia poder levar todos. Então, não levei nenhum... vi meu diário. Pensei que quem lesse, ia saber quem eu era de verdade
Mas ouvi a Loló gritando" vamos logo, o papai chegou". No sonho, eu tinha aquela mesma sensação de medo quando ouvia isso. Porque sabia que ele ia chegar bêbado e quebrando tudo. Ele chegava, bêbado, sujo,com a barba mal feita... igual como antes. Eu ri quando pensei que não ia poder viver sem meu celular pra falar com meus amigos, mas nem lembrei que a gente ia deixar o papai sozinho. Quando íamos saindo no portão, eu pensava que ia ter que disfarçar, então falei " vamos passear com a Tereza" ainda fazia um UHUUU bem desanimado. Papai me olhava de um jeito estranho.. como se soubesse que a gente ia embora pra sempre e sem ele. Então, como num passe de mágica, ele não parecia mais bêbado. Parecia com quem é hoje e me olhava arrependido. Ele falava "Eu te amo, filha. Amo do meu jeito bruto. Eu nunca quis te ferir. Desculpa"
Então me dava um beijo na testa. No sonho, eu ficava sem ação. Eu pensei que ele leria meu diário e saberia do quanto já sofri com tudo o que ele já fez. E eu sempre quis isso. Mas naquele momento, eu não quis. Parece que aquela desculpa anulou tudo, porque era só o que eu queria ouvir dele.
Acordei chorando. Pensei em tanta coisa. Mas pensei que se eu escrevesse, me sentiria melhor. Agora tô com sono de novo. São 5:15 da manhã.