MALÉVOLA INGRATIDÃO ALHEIA!
Não foram raras as vezes que tive que me distanciar de mim para poder me aproximar do outro ou permitir que o outro pudesse se aproximar de mim.
A discrepância entre meu ser e o ser do outro fundamentava uma incompatibilidade que nos impossibilitava qualquer tipo de interação.
Restava-me apenas negar-me a mim mesmo para não me negar ao outro e, assim, tornar-me acessível.
Depois de algum tempo, quando o outro já se acostumara com minha presença, eu passava então a negar esse negar-me-a-mim-mesmo e resgatava meu eu em sua genuína autenticidade.
O outro, contagiado com a potencialidade do meu ser, não apenas constatava uma necessidade de se fazer potente, como também passava a acreditar em si mesmo e em uma potencialidade própria, embora ainda latente.
Alguns, verdadeiramente agradecidos, chegaram a me dizer :
– Minha vida está marcada em antes e depois de ter te conhecido.
Outros, que também deveriam me agradecer, passaram a se sentir mais fortes do que eu e, enxergando-me agora como um adversário, tentam fazer-me mal. Não lembram mais que, se hoje eles são fortes, devem a mim o desabrochar de suas potencialidades.
Maikon Jekson, 01/07/2018.