Sobre os testes de QI
Já fiz vários, de níveis de dificuldade e critérios de avaliação também variados. Mas, nunca confiei nesse método de mensuração da inteligência. Acho muito subjetivo, às vezes, até ridiculamente subjetivo. Meus resultados eram tão discrepantes quanto o humor de um bêbado. Ora eu obtinha resultados acima ou muito acima da média, ora eu era considerado inepto, limítrofe, analfabeto funcional. Hoje, levado por um interesse de momento, realizei vários testes pelas internets. Num, obtive 130 pontos de QI, noutro, 105 e, no último, depois de responder todas as sessenta questões, não pude verificar minha pontuação, pois o site cobrou-me 45,00 -- isso mesmo, quarenta e cinco Reais! -- para me enviar um bruta documento contendo toda sorte de informações técnicas detalhadas em gráficos, tabelas e o diabo sobre a minha capacidade intelectiva. O problema, como eu disse, é o subjetivismo. Por exemplo, eu um dos tais testes, pedia-se para dizer quantas horas um sujeito que fora dormir às 20hs e pusesse o despertador para às 09hs dormiria antes de ouvir o som do alarme. A resposta mais intuitiva seria, logicamente, 13 horas de um baita sono. Mas, não. A resposta correta seria um sono breve de uma hora. Uma! O argumento em defesa desse disparate é que os aparelhos despertadores não reconhecem o sistema AM/PM, eles só funcionam à base de 12 horas, meio relógio. Eles não sabem a diferença entre 09hs e 21hs. Ora, nessa era de smartphones, quem seria o puta gênio que imaginaria uma diatribe dessas? Eu programo o celular para despertar em tal hora e pronto. Basta!
Acredito que a melhor forma de medir a inteligência de um indivíduo seria observar sua capacidade de entender a realidade, isto é, de mensurá-la, proporcioná-la, medi-la, descrevê-la. O instrumento intelectivo serve, como ensina Aristóteles, precisamente para isso. É claro que uma certa dose de subjetivismo seria importante para levá-lo a abstrair os elementos de uma determinada situação, mas dizer que ele não é inteligente só pelo fato de não imaginar o funcionamento dos aparelhos despertadores é uma ideia esdrúxula. Pior seria se você tivesse que pagar para ouvir isso! Coitado do sujeito. Numa certa aula do COF, o professor Olavo disse que "(...) Leibniz, o homem mais inteligente da Europa depois de Aristóteles, ensinava que a melhor maneira de desenvolver a inteligência não era estudar ciência, filosofia ou matemática: era ver muitas figuras e ouvir -- ou ler -- muitas histórias (...)". E ele completa, dizendo que "O homem cuja imaginação está presa à realidade imediata e não voa entre as possíveis é um escravo da mesmidade -- um idiota no pleno sentido da palavra." Testes de QI só valem o esforço se exigirem do sujeito a descrição da realidade objetiva e isso implica, evidentemente, a aplicação do raciocínio lógico-matemático, em suma, no domínio do Trivium e do Quadrivium.