Autorretrato (29 anos)
Ele era um ser que nem como ser se via,
E contava primavera às voltas desses dias.
Questionador de amor, de dor, e de tudo
Foi sortudo em, portanto, por tudo, se encontrar.
Soltava palpite sem pregunta,
Respondia sem questão.
Seus conselhos? Prostituta
Que não se pagava com tostão.
Não escolheu ser o que foi.
Foi porque foi o que tinha.
Pai e mãe que perdoe,
Mas se foram escolhas não foi ele quem as fazia.
Vivia jubiloso intrusivo,
Porém lutuoso sem motivo.
Tinha sim de ser assim e tudo isso
Pra pintar diariamente,
De longe, ao largo de si o seu autorretrato.
Enfim, parabém a mim.