Sobre o tempo
A gente precisa aprender que as pessoas vão embora, sempre vão. Algumas de uma maneira terna e amigável, outras passando por nossas vidas como furações e destruindo tudo que tocam. O que nos resta é aprender a lidar com a ausência, com a falta, com a saudade, com a angústia que fica sempre que alguém vai embora. Entender que tudo leva tempo e que esse tempo um dia chegará. O tempo em que tudo voltará para o seu lugar, para o seu eixo. O tempo em que essa ferida não doerá mais. Não como dói agora.
Enquanto esse tempo não chega, fico com o amontoado de coisas deixadas por alguém que entrou em minha vida de maneira violenta e abriu caminhos que eu nunca pensei que estivessem lá. Fico com o amontoado de coisas não ditas, não vividas, não amadas. Fico com a ausência gritante de alguém que nunca teve a intenção de ficar ou de amar. Alguém que partiu da mesma forma repentina que chegou, com a força súbita e devastadora de um furacão. E sabe o que mais dói? É não ter tido nem mesmo a chance de ouvir algo que se aproximasse de uma despedida. É não ter sido digna nem mesmo de um “adeus, eu não te amo mais”.
Escrevo sobre alguém que partiu, alguém que me feriu e que não teve nem mesmo a coragem de olhar para trás.
Escrevo sobre alguém que ainda amo, mas espero pelo dia em que não amarei mais.