Relações líquidas
É domingo, e na minha coleção os domingos são carregados de melancolia. É domingo, e domingos me fazem cometer o pecado de pensar. Neste domingo eu relembrei as relações líquidas de Bauman e fiquei pensando sobre as relações que tive, que tenho e que ainda terei. Antes de acessar as sacadas tão assertivas dele eu já sabia ser honesta nas minhas relações. Sempre tive comigo que entraria e sairia de todos os relacionamentos que cultivei do mesmo modo que gostaria que as pessoas fizessem a mim, com honestidade, com respeito, jamais pelas portas dos fundos, jamais sem dá-las o direito de saber porque eu me ausentaria daquele lugar que decidi não mais ocupar. Acredito ter sido feliz nessa empreitada. Acredito ter tido muito respeito ao pisar nos solos sagrados que foram e são os corações que acessei e por vezes ainda acesso. Acredito ainda e ainda mais agora que isso tem a ver com responsabilidade afetiva e que talvez nesta oportunidade, conversando, eu desfaça os nós que se fizeram, ou que fizemos, ou até mesmo que sozinha fiz. Talvez nesta oportunidade eu possa dizer das minhas razões e poupar a ambos do vazio que fica quando um lugar é desocupado sem que se saiba a razão. Se há que existir um vazio, que seja só o da ausência. Porquê as vezes me pergunto: quantas suposições cabem no vazio? Não obtenho respostas, sou mesmo é fã das perguntas. Se a modernidade tem a ver com liquidez, eu pego minha antiguidade e vou tentando não me afogar no moderno mundo liquido em que vivo. Tomo uns caldos. Perco o ritmo da respiração e vou resistindo cada vez mais solitária.