COMPLETUDE
A felicidade é um sentido de clarão espontâneo em nossa percepção que se desvanece quando a apreensão avaliatória e delimitativa da consciência percebe sua aparição transiente e autônoma.
Em circunstâncias tão inusitadas e delicadas quanto as que ora se nos apresentam em meio a uma crise de saúde tão complexa, nos isolando e distanciando socialmente, com preocupações e incertezas em nosso cotidiano propondo mudanças permanentes por vir, como manter a felicidade quando o nosso mundo gradualmente desmorona?
Uma apreciação mais íntima desse sentimento tão passageiro de amplo bem-estar nos leva a perceber a limitação do entendimento abstrato comum sobre a concepção de felicidade baseada unicamente na satisfação com a vida, sem considerar nosso reconhecimento de autoaceitação, autonomia, crescimento pessoal, domínio, relacionamentos afirmativos, propósito e significado na vida, que nos levam a pensar, agir e falar de maneira coincidente entendendo a felicidade como um todo concreto.
A consciência da sensação espontânea de felicidade não se realiza no que procuramos encontrá-la. Mas, na autonomia irrefletida do momento de estarmos felizes, até o surgimento da noção ocasional do despertar da emoção, e nossa mente buscar defini-la. Talvez, devamos nos dispor a nos entregar ao sentimento sem o conhecer.
Embora, não estarmos isentos e protegidos do desassossego da vida, essas situações de oposição ou de oportunidade determinam como reagimos em nosso benefício na procura pela prosperidade pessoal e material.
Alguns acreditam que uma vivência correta na ética, afetos e paixões, virtudes e utilitarismo propiciam a felicidade.
Outros favorecem a atividade física aplicada a saúde e ao trabalho voluntário proporcionarem qualidade de vida e bem-estar.
Muitos consideram a busca pela felicidade uma variável cultural, tradicional e pessoal condicionada pelas crenças educacionais.
Um pensamento antigo e recorrente entre uma variedade de pessoas dispõe que apenas ao preenchermos nossas necessidades particulares e nos sentirmos internamente saciados podemos ser verdadeiramente realizados.
Entretanto, tenhamos em mente que a nossa alma caminha paralela com a nossa virtude, e não é harmoniosa e alimentada com as maneiras inautênticas de buscar a felicidade através do autoengano e o uso de químicos, que não nos proporcionam o bem-estar.
Sermos livres, autônomos e sem culpa no fazer de nossa vida levando em conta o nosso mérito subjacente ao limiar da avaliação cuidadosa das prováveis consequências de nossas ações é uma meta plausível para sermos dignos da iluminação dessa doação espontânea, irrefletida e surreal da experiência genuína que o sentido de felicidade ocasionalmente nos proporciona.