IDEOLOGIA E ECONOMIA
“a <ideologia> evolui mais lentamente do que a base econômica.” Wilhelm Reich
Eis uma lei sociológica. Com quantos Steve Jobs já não nos brindou o século XX, ao passo que ainda não emergiu nenhuma nova forma política após o fascismo, último avatar anti-capitalista (pós-socialismo)? E nem surgirá – o próprio fascismo estava em Platão, claramente ligado à tirania das massas e dos demagogos. Mas ainda nos depararemos com muitas formas novas de crescimento econômico e consumismo, com que sequer podemos sonhar. Seria mais digno dizer “com que meus netos nem poderiam sonhar, mas que irão utilizar mais tarde”. Eu – eu não poderia nem compreender tal forma, na minha velhice – só poderia transmitir essa idéia com um exemplo atual se me imaginasse um ancião centenário nos anos 1990 que se deparasse com o fenômeno da internet…
Na Rússia a ideologia deu um grande salto entre 1905 e 1917, mas estacionou ali – em 1990 poderíamos dizer que a base econômica, ainda que lerda, já a havia ultrapassado. E, na realidade, o devir sociológico do povo russo regrediu. O Japão parece o perfeito contrário, a síntese da lei de Reich. Não se prevê nem se concebe o dia em que a ideologia do povo japonês poderá alcançar sua robótica pirotécnica, seu nonsense cultural esquizofrênico que é quase uma loucura coletiva intergeracional integrada ao mercado! Lolis na terra dos samurais… Bonecas infláveis que namoram universitários que não têm tempo para se masturbar enquanto se estressam tentando atingir notas de corte, nada do que é retratado em sua ficção-para-exportação. Bonsai que coexistem com prédios de base plástica, molar, que esperam o próximo terremoto de 8 pontos como o brasileiro espera o próximo assalto à lotérica…