Soltar os pesos
Aceitar que o queríamos que fosse não mais será.
Compreender que frustração é matéria de aprendizado
E não um lugar de permanências.
Estabelecer permanência demasiada em solo de frustração
É por vezes fincar os pés sob a areia movediça e ficar lá enquanto se é tragado.
É ir afundando...
Soltar os pesos é reconhecer que não vai dar.
Que não vai dar mesmo.
E que não foi por falta de tentativas.
É encarar a frustração de frente e aceitar que aquela rota já não te levará a lugar algum.
Terá de achar uma nova.
Terá de acreditar que fim de rota não é fim de caminho.
Soltar os pesos é desapegar de um ou outro desejo.
É saber se redirecionar.
É se desvencilhar da culpa.
É orientar o olhar para o que está adiante.
É se conformar com o fato de que algumas mensagens não haverão de chegar...
Que algumas portas não vão se abrir...
Que alguns esforços serão insuficientes...
Que a sorte as vezes não nos sorri...
Que nem todo rio dá pé...
Que nem toda terra é firme...
Que nem toda montanha é escalável...
Se conformar é deixar de cultuar a dor do impossível, enquanto o possível nos escorre pelos dedos.
Soltar os pesos é por vezes parar de nutrir o tesão no indisponível.
Parar de jogar contra o próprio time.
Parar de tentar tapar os buracos existenciais.
Resistir ao impulso de esticar por tempo demais algumas dores.
Soltar os pesos é reconhecer que frustração é privilégio de quem tenta.
E que colecionar e lidar com as frustrações pode ser portanto colecionar expansões, se o seu olhar for carregado de otimismo.
Algo em nós sempre expande quando soltamos os pesos.
Soltar os pesos é sobre abrir espaços em nós para poder avançar.
É sobre saber que algumas coisas são parte e não todo.
E que algumas resistências são burras.
Soltemos, pois, aquilo que nos pesa e nos exaure.