Cansado de não ser Negro
No negro espelho Cansei de me não ver.
No meu próprio espelho Cansei de ser latente
Um espelho que me confunde no seu despreso
Cansei de me procurar, buscar uma cor
Que dizesse do meu sorrizo encalhado e surpreso.
Estou cansado por recuar tanto das maldades que
Só a minha alma sente.
Já não andarei mais sobre o mundo como um oculto
Me revelarei como um integro.
Entre astutos e vestustos eu sou negro e isso não nego
Não nego que estou sobre o mundo há mais de mil anos,
Não nego que eu nasci pra ter sonhos, não nego que sou negro
De carregar toda a responsabilidade pelas maldades das outras castas
Não nego que sou filho da mãe África, marionete do maior laboratório
Biologico do mundo...
Não nego, muitas vezes fui exemplo de vida, que pra grande paz eu dei
Dei partida.
Cansei de não ser negro nas cadeias televisivas,
Cansei de não ser negro no papel, Cansei de não ser negro
Ao vestir ou sorrir, ao comprimentar ou amar, ao falar ou olhar
Ao sentir e chorar, cansei! Verdade que sou negro, negro de África.