A xícara aposentou-se no armário
eu vou viver a vida tentando destrinchar teus traços, e entender como tu se apossou tão bem dos meus sentidos ao ponto de eu não conseguir te tirar de mim. quero descobrir porque o castanho dos teus olhos tão indiferentes insistem em violar meus sonhos e me espiam de forma que me sinto quase despida. desvendar como teu cheiro invade minhas narinas mesmo sem tua presença física. é como se minha mente tivesse guardado cada detalhe da tua fragrância para me atormentar em momentos inapropriados. você foi embora e os dias riscados no calendário reafirmam isso todas as manhãs. o seu lado da cama esfriou e agora só existe uma xícara lavada em cima da pia, a outra aposentou-se no armário. e mesmo que teu corpo ainda não esteja aqui em carne viva, sinto tu latejar em cada canto do meu ser, como se estivesse todo tempo aqui, do meu lado.