Perdoar a si mesmo

Muito se fala sobre perdoar o próximo, sobre a nobreza desse gesto cuja beleza só aqueles que o praticam com sinceridade conseguem enxergar, sobre o valor de uma das mais humanas e fraternas ações. Ao perdoarmos sinceramente conseguimos nos libertar de mágoas, aliviar-nos dos rancores, proporcionar a nós mesmos certa paz de espírito, conseguimos, em casos ainda mais sublimes e especiais, retomar nossa história com quem um dia escolhemos viver. Sabemos que os defeitos pesam, atraem outras dores, empurram-nos para outras angústias, mas o alívio do perdão nos salva e afasta de todos esses males. Porém, o que pouco se diz, é que também precisamos, ou devemos, perdoar a nós mesmos, conciliarmo-nos conosco mesmos, reatarmos o compromisso que temos com a nossa própria história. Se perdoar o próximo é importante, perdoar a nós mesmos é imprescindível.

Somos seres humanos, sujeitos às falhas, aos erros, aos equívocos. Aliás, faz parte da nossa breve existência cair e levantar, ganhar e perder, fazer um bom ou mau uso da dádiva que nos foi concedida. Erramos até quando queremos acertar. Às vezes por uma palavra mal colocada, por um gesto mal demonstrado, por um pensamento que mais tarde oprime nossa consciência. Fato é que não somos máquinas programadas para o sucesso, não somos computadores conectados a uma infinidade de informações que diminuem drasticamente as chances de erro, somos pessoas em construção que a cada dia ganham um bloquinho novo, que a cada dia desfruta de um novo aprendizado, de uma nova lição, aprendizagem essa que, em tantas vezes, advém dos erros, das tentativas de acertarmos.

Acontece que por conta dessas falhas paralisamos nossas vidas. Às vezes rogamos por perdão a alguém, somos perdoados, libertos, mas não de nós mesmos. A culpa nos acompanha. Quando menos esperamos nos recordamos do que cometemos, do que representou aquilo, e tornamos a nos martirizar, a nos condenar, esquecemos-nos de nos apiedarmos de nós mesmos. O erro é inerente à nossa vontade, o que pode corrigi-lo é nosso veraz sentimento de arrependimento. Precisamos aprender a nos perdoar para que a vida prossiga, para que os nossos sonhos se aflorem e para que possamos ter a chance de tentarmos acertar outra vez. Liberte-se de mágoas que só existem em você, liberte-se de rancores que são usados contra você mesmo, reconheça o seu direito de errar, o seu dever de reconhecer que errou e, por fim, sua chance de recomeçar, para tanto nunca deixe de perdoar a si mesmo.

(Texto de @Amilton.Jnior)