• EXPECTATIVA ²

Confesso, quis ficar com raiva! Mas tudo que fiquei de verdade foi decepcionado e magoado. E a culpa não é sua, foi minha expectativa. Foi minha expectativa ao acreditar, mesmo crer no diálogo ouvido de que é preciso alma e coração, comunhão e sintonia, conexão, reciprocidade e empatia, que é preciso intimidade e cumplicidade. Imagino que possa mesmo existir, possa mesmo acontecer, mas apenas quando existe a perfeição! Para ser importante para alguém, para estar com alguém é preciso ser perfeito, um modelo imaginado e sonhado, concebido para agradar e satisfazer todos os sentidos. Quis ficar com raiva! Mas tudo que pude ficar foi decepcionado e magoado, sentir que não existe sequer, empatia e reciprocidade, não existe a verdade explicita do você iria preencher o espaço caso fosse parecido com aquilo que sonho e espero, não basta ter atitudes, caráter, personalidade, saber e compreender que um relacionamento é mantido com reciprocidade, empatia, com zelo e cuidado, compreender que relacionamento é uma construção, um cativar e cultivar diário e contínuo, um conquistar contínuo e mútuo de um ideal, de um sonho e aspiração. Fiquei decepcionado, e magoado, mas não pude ficar com raiva, na verdade, ficar com raiva seria apenas a contestação do sentimento menos prazeroso do que poderia existir, do cuidado e zelo, do apreço e estima, do respeito e admiração. Ficou a decepção, a mágoa, a tristeza de ter que assimilar uma verdade, de ter que perceber que aquilo que não é dito, é feito com atitudes menos visíveis que são ignoradas ainda que perceptíveis e nítidas, que faz deduzir e concluir a respeito das indagações, existe uma certeza que foi ignorada e negligenciada apenas por conveniência e conivência, por querer que seja diferente, ainda que não será, e nunca poderia ser. Não nego, e confesso, que quis ficar com raiva, mas a decepção e mágoa, fez apenas pensar, concluir que em cada gesto e atitude, era evidente a intenção e pretensão, o querer velado de dizer algo que não queria ser ouvido. Não foi nada, ou foi do tudo ao nada, do querer ao não querer, do faz todo sentido e possui significado ao silêncio, distância, falta de tempo, falta de interesse, e todas aquelas razões que evidencia e atesta que tudo que poderia ter sido, foi uma obra da imaginação, um sonho. Foi assim, que quis ficar com raiva! Quis sentir raiva, mas descobrir que foi minhas expectativas, minha vontade e querer um lugar onde precisaria ser perfeito para ocupar, teria que exibir as qualidades nobres e honrosas aliada ao padrão sonhado e desejado. Foi minha expectativa, foi minha decepção e mágoa, que fez descobrir que ainda que tenha sonhado e imaginado que seria você, que poderia ser você, nunca seria eu. Não fui eu, atestado pelo silêncio, pela distância, pelas atitudes silenciosas e pela falta e ausência, de alguém que foi presente, quando era tudo que faria ficar e permanecer. Não fui eu, atestado por cada resposta evasiva e silêncio, quando a prioridade foi transformada em opção, quando a alma e coração expresso e impresso deixou de ser importante, quando a atitude e escolhas deixou de ser uma evidência para mostrar e revelar o que não poderia ser proferido. Foi você, não fui eu, não sou eu, ficou a mágoa e decepção, não a raiva que queria sentir, mas desfez a ilusão de que poderia ser diferente, que seria diferente com você. Foi conexão e sintonia unilateral, para marcar e tatuar no coração e alma, a impressão de você, feita de mágoa e decepção.

• Damien Darkholme

DAMIEN DARKHOLME
Enviado por DAMIEN DARKHOLME em 25/08/2020
Código do texto: T7046199
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.