Encruzilhada II
Serei o andante de meus delírios mais sinceros
trago-lhe a rosa mais cuidada de meu jardim
meu medo és sem dúvida que eu não possa mais chamar-te de minha
se talvez fosse um dom de riquezas ti me olhas
mas o meu tesouro sempre será o teu sorriso
feito anjo de manhã quando me acorda desse sonho
nem mesmo midas superaria a minha ambição
dai-me um golpe de misericórdia e devolva “aquilo”
traga a chave e devolva o que furtais de mim
eros que lhe perdoe, pois você tirou tudo de mim
nem mesmo as suas maiores obras podes superar teu canto
nem mesmo o mais forte vinho me fará esquecer essa noite
feito guardião de bom grado morrerei por ti
Ando em meio aos risos para conquistar meus melhores sonhos
desvendo o mundo em meio a loucura global
ergo minha lança e faço o certo pois sou o desfazedor de injustiças
Rocinante és o culpado de minha queda e do fim de minha jornada
e se eu não cuidar direito dessa beleza espinhosa
tomarei todo o devido cuidado em nome de sua raridade
podem ter campos repletos de divindades esbeltas
mas ti és a minha rosa e por isso a mais bela
Iludo-me com as mais belas damas na esperança de acordar
eu devo ter alucinado, pois eu vi a flor mais bela desse pátio
teus olhos, teus belos olhos é minha maior lembrança
o meu sol ganhou teu nome após ver-te na sacada
sei que não sou dos mais sorridentes poetas
nem mesmo os dons de escrita formidáveis
talvez tão quixote quanto um conto
mas jamais casmurro por ciúmes
aquele brilhar tão certo feito ouro lápida em mim
pepitas em teus olhos tornam lágrimas
em teu seio ó grande meretriz libertadora
pois te conquisto com meus braços fortes
Já não me valem mais asas se elas derretem no céu
nem mesmo uma serenata tranquila
ou clássicos contos que me iludem de um romance
nem mesmo as memórias mais bonitas me deixaria desmanchar em prantos
perdi meus melhores amigos e a minha amada
tudo por não saber dividir
ser egoísta ao ponto de não saber ouvir o V...é
eu me tranquei com o que acreditava ser ou(t)ro
Empunhai a arma mais covarde para me ferir
aquela que nem os mais cruéis ousaram forjar
nem mesmo lúcifer foi tão seco ao trair deus
agora pinte de vermelho suas vestes brancas…
Amaldiçoo todas as damas que furtaram meu coração
mas a que tem a chave eu rezo pela sua saúde
somente o mar é capaz de esconder este cofre
e ela se foi com aquela caixa e minha mortalidade
como é possível viver sozinho?
talvez eu seja o maior erro de um cupido
hesíodo que grite seu maior verso
como um crente gritando o nome de seu deus
rapsodo tu és ao ponto de cativar minha atenção
essa melodia chamada “canto”
que feito bardo te revelas a sua inestimável beleza
mas puro malte feito cerva que ti me embriague para me despir
oreis por nós mademoiselle pois cometeremos um incesto
nosso sangue será o mais puro, pois não somos pecadores
somente um monstro apresenta a filha para a própria luxúria
somente eu com os dentes cerrados cuspo esse vinho e guardo teu corpo
algo primitivo e desumano demais me disseram
pois aqueles homens me chamaram de “sacrifício”
independente de ter família ou não
ainda não desejo ficar ao lado de deus