Pedaços
que de mim se soltam,
remendo.

Quem sabe seja manha,
quem sabe seja dengo?

Roer as unhas
é melhor que roer a alma,

que em breve amansa,
que em breve se acalma.

Alma sem trato é trapo,
cantador sem viola,
criador sem criatura.

Asa-Branca só é vista
quando voa na felicidade de ser.
E tem horas que só quero ficar...

Mas ela sempre vem,
como disse Gonzagão,
volta ao ronco do trovão.

Volta num impulso de alegria,
volta num ímpeto de paixão,
a sonhar rasante pelo sertão.

Então eu me remendo,
feito artista sem chão,
num choroso remendo de emoção.

Taciana Valença

Arte: André Soares Monteiro


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TACIANA VALENÇA
Enviado por TACIANA VALENÇA em 23/08/2020
Reeditado em 23/08/2020
Código do texto: T7043732
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