A morte da rosa
Era uma rosa mal compreendida. Eles focavam nas pétalas; ela, nos espinhos. Gostavam da sua beleza e fragilidade. Enquanto ela cultivava orgulhosamente suas defesas pontiagudas. Eram um aviso comumente ignorado. Achavam que o doce perfume era para atraí-los, tão autocentrados. Idealizavam a rosa sem espinhos, pouco se importando se iriam tirar-lhe a identidade. Nunca entenderam seu verdadeiro valor: como poderiam achar um bom feito arrancar-lhe do solo que a nutria, mutilar seu caule, embalá-la como objeto para, em poucos dias, murchar e morrer? Nunca se importaram com a rosa. Queriam usá-la para lhes satisfazer. E ainda ousam usar sua imagem para remeter ao amor. É ato de crueldade, isso sim! Quem ama deixa crescer, deixa florir, deixa ser. Quem quer possuir uma rosa, não merece sequer desfrutar de seu perfume, o qual ela exala porque é naturalmente assim. Depois de arrancada, ele logo se esvai. E ela apodrece, porque a mataram achando que podiam tê-la para si.