Sorrir com o sorriso do outro

É uma pena, mas muitos não conseguem se alegrar com o contentamento do outro, não conseguem se sentir satisfeitos pelo prazer do outro, não conseguem se livrar de suas intolerâncias e compreender o quanto o outro se sente leve e feliz sendo quem é, vivendo a história que lhe pertence, concretizando os sonhos que sonhou. Isso por causa de preconceitos, de pré-julgamentos, por considerar que na vida só existe uma possibilidade aceitável, a sua, e ignorar que a complexidade da vida nos apresenta múltiplos caminhos com um mesmo fim: felicidade. Tais pessoas, que não conseguem sorrir com o sorriso do outro, perdem a chance de participar de experiências memoráveis, de gargalhar com passagens icônicas dessa vida tão breve na qual estamos lutando pelo mesmo prêmio: o sentimento de dever cumprido, de missão realizada, a certeza de que passamos por esse mundo com sabedoria, sendo bons para nós e para aqueles que em algum momento caminharam conosco.

Quem não consegue ser feliz na felicidade do outro não entendeu nada, não sabe o que é viver e não percebe o erro que comete ao achar que esse outro não merece a sua alegria.

Inveja? Ciúmes? Falta de empatia? Ignorância? Intolerância? Talvez todos esses fatores, em particular ou em conjunto, contribuem para que alguns sintam aversão pela alegria alheia, mas para mim há um fator inerente a todos esses: a falta de sentido na própria vida. Quem está em sincronia consigo mesmo, que possui algum grau de conexão entre o que deseja e o que vive, não quer perder tempo apontando o dedo para quem discorda, não lhe interessa ensinar os outros a viverem, não está tão desocupado ao ponto de fiscalizar vidas que não lhes interessa, almeja por apenas uma coisa: continuar na satisfatória vida que possui. Isso porque vê sentido, sente sincronia, sua satisfação é tanta que ele se emociona ao saber que os outros, cada um a sua maneira, também se sentem realizados e conectados. Ao contrário, para aquele que a vida mais parece um fardo, que não conseguiu compreender que estamos neste plano material a fim de evoluirmos, não suporta contemplar a evolução dos outros achando que seja algo impossível, doloroso, árduo de se conseguir, não entende que para a nossa evolução a receita é simples: só precisamos aceitar quem somos, orgulharmo-nos disso e respeitarmos o direito que os outros também possuem de aceitarem-se e se orgulharem por quem são. Quando nos desvestimos de preconceitos, quando nos permitimos ao cotidiano desafio de nos desconstruirmos daquilo que a nós empurraram e deixarmos de ser tão intolerantes, finalmente conseguimos sorrir com o sorriso do outro em um mundo tão ameaçador, em um mundo tão ignorante, em um mundo que também pode ser florido e iluminado ao menos para nós se assim quisermos e permitirmos.

(Texto de @Amilton.Jnior)