• SILÊNCIO ²
Sinto por suas respostas veladas, pelo que não foi pronunciado mas foi dito nas atitudes e nos silêncios, na falta de tempo, ainda que seja muito relativo, porque sempre temos ou fazemos tempo para o que é importante, que possui significado e sentido na vida. Sinto por suas respostas silenciosas, pelo que foi expresso como uma impressão digital marcada no coração e alma, pelo silêncio tatuado no coração e alma de uma falta e ausência não explicada. Sinto por suas respostas veladas, pelo eco de indagações e dúvidas alimentadas por atitudes e gestos discretos, de silêncios profundos, de insistência e persistência em não acreditar no mais óbvio e visível. Sinto por suas respostas veladas, pela perda do encanto e fascínio que existia, pelo prazer de estar próximo, e pela dolorosa presença de um sentir que não fazia sentido ou possui significado. Sinto por suas respostas silenciosas e veladas, pela obscura sensação de haver perdido aquela forma e jeito bonito de apreciar seus detalhes, de ficar encantado e fascinado com um brilho e luminosidade que não existe mais, apenas em minha imaginação que fez de você uma obra de arte, e uma obra prima diante de meus olhos, de um olhar guiado pelo coração que persistia em ver uma beleza íntima em sua alma e coração. Sinto por suas respostas veladas, pelo silêncio do que não foi oficialmente confirmado, mas ficou evidente na impressão sensorial de cada lágrima derramada em silêncio em meio a escuridão, de cada dolorosa expectativa frustrada, por cada segundo de uma espera que foi tatuando e marcando no coração e alma mais uma cicatriz, para lembrar quem foi para mim, e tudo que não fui para você. Não foi apenas o silêncio ou as respostas veladas, visíveis e perceptíveis ignoradas para não atestar a cruel realidade, para não confirmar a dolorosa certeza de que não havia mais nada para ser proferido ou pronunciado, que a presença e companhia, ainda que desejada e querida, apenas fazia compreender que existia um abismo entre a imaginação e a realidade, do que havia sido e do que agora era todo dia. Sempre respostas silenciosas e veladas de uma falta de importância, de perder o sentido e o significado estar próximo, ser presente, dedicar o segundo mais precioso ao momento para que fosse eternizado, para que pudesse ser lembrado pela alma e coração. Foi silencio e respostas veladas, foi a distância e falta, a ausência mascarada por compromissos, por responsabilidade, pela distância, mas principalmente pela falta de querer, de esclarecer, apenas deixando as evidências mostrar o que não queria ser dito ou confessado. O silencio velado foi uma confissão, a falta de respostas uma confidência, a distância uma contestação, de que a imaginação e ilusão havia feito de você uma obra de arte, efêmera obra prima, de algo que quis encontrar e por quem queria ser encontrado. Foi o silêncio, e as respostas veladas, a forma de marcar a alma e coração com sua ausência permanente, com a distância que queria existisse entre nós para ficar mais fácil e simples ser rescolvida e decidida pelo tempo. Foi marcar o coração e alma, com as lágrimas, angústias, silêncio e respostas veladas a forma mais evidente de que tudo havia encontrado uma resolução apropriada para tudo que fazia necessário chegar ao fim. Foi no silêncio e em respostas veladas, em atitudes e gestos sutis, que a imaginação e ilusão foi desfeita, que o sonho é apenas uma aspiração, e que pode ter sido você, mas nunca seria eu. E com silêncio e respostas veladas, fica a evidência de que o melhor que posso ver e sentir em você, que tenha visto na alma e coração, seja apenas um reflexo do que foi sonhado e imaginado por mim.
• Damien Darkholme