Ah, se eu deixasse...
Se eu deixasse de existir hoje, quantos sentiriam falta amanhã? Quantas pessoas hoje me menosprezam, que prezariam...? Por que tenho que deixar de existir para lerem meus poemas, escutar minhas “loucuras”, normalidades? Anedotas que eu teria imenso prazer de ler e sentir, após não existir. Lembre-se “não existir”, nem cheguei ao ponto de morrer. A morte vem para matar a gente depois...
“Existo, logo penso”, que falta eu faria se não existisse?
“Penso, logo existo” a única certeza que poderia ter, apesar de incerta.
Que sopro mal dado é a vida, ser de carne e osso, “humano”, sopro fútil que denomina ser “pessoa”. Cheio de mistério e sem mistério, enclausurado dentro da própria loucura de um possível acaso.
Não desejo nada além da minha própria existência; movido por instinto, como um pardal, que paira no céu à procura gravetos para o seu ninho, procuro perguntas, apesar de não ter respostas.