Imperdoável
Não há Karma,
Não há destino,
Nem linhas tortas
Escritas por canetas divinas.
Só há um enorme precipício
Toda vez que olho para trás.
Um passado assombrado,
Retalhado
Em pedaços miúdos e dolorosos.
Não há fotografias reveladas,
Mensagens salvas,
Nada que pudesse comprovar
Que você, de fato, existiu.
Há apenas um sentimento,
Um sentimento imperdoável
Que você despertou
Em uma criança inocente,
E depois fugiu.
Cicatrizes sob uma pele fria,
Células mortas em cada lugar
Onde você colocou suas mãos,
Naquela imperdoável manhã.
— N. Gomes