Imperdoável

Não há Karma,

Não há destino,

Nem linhas tortas

Escritas por canetas divinas.

Só há um enorme precipício

Toda vez que olho para trás.

Um passado assombrado,

Retalhado

Em pedaços miúdos e dolorosos.

Não há fotografias reveladas,

Mensagens salvas,

Nada que pudesse comprovar

Que você, de fato, existiu.

Há apenas um sentimento,

Um sentimento imperdoável

Que você despertou

Em uma criança inocente,

E depois fugiu.

Cicatrizes sob uma pele fria,

Células mortas em cada lugar

Onde você colocou suas mãos,

Naquela imperdoável manhã.

— N. Gomes

Morpho
Enviado por Morpho em 17/08/2020
Reeditado em 10/04/2021
Código do texto: T7037958
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