Sobre o caso do estupro e aborto da garota de 10 anos no Espírito Santo.

Primeiramente, a questão envolve três temas sensíveis à sociedade no âmbito da moralidade , acarretando outros temas morais secundários e de interesses políticos.

O primeiro grande tema é a questão do estupro, em que, seja de direita, esquerda, conservador ou progressista, certamente é um ponto de convergência: o estupro é um ato inaceitável em nossa sociedade porque agride o corpo, o psicológico e a liberdade sexual da mulher.

O segundo, é a pedofilia, também interligado ao primeiro, bem como, ponto de convergência entre os antagonismos esquerda e direita, apesar de haver alas que trazem uma narrativa de minimização, considerando como doença ou transtorno e não como crime em si ( a própria OMS a classifica como transtorno de saúde mental ou sexual e é só dá uma breve passada em alguns sites "jurídicos" e de opiniões, pelo google).

O terceiro ponto, é o gerador da polêmica, da qual intitulam de Aborto, mas prefiro chamar pelo nome real : assassinato de prematuros. O assassinato de prematuros é o que divide, geralmente, do ponto de vista moral, conservadores e progressistas. Os primeiros priorizam o princípio moral da vida, os segundos privilegiam o da "liberdade" ( da mulher).

A questão apenas tornou-se polêmica, pelo terceiro ponto. As alas progressistas, que defendem, em sua maioria, o assassinato prematuro a todo custo, em qualquer período, sobre qualquer pressuposto, trouxe " o debate" para " expor a hipocrisia conservadora".

O presente caso, porém, envolve uma complexidade extrema: três pontos morais sensíveis que se interrelacionam e se complicam. Não é apenas a questão de legitimar o assassinato de prematuros ( como se quer com a "discussão ") ou simplesmente de defender a vida do prematuro ( porque está em jogo a vida da garota e da criança, pois aos 10 anos o ultero não está devidamente formado, além de ter sido violada sexualmente por " monstros humanos").

O fato, é que a legislação brasileira já dá suporte, para em casos de estupro ou em que há risco na vida da mãe, para efetuar o assassinato de prematuros. Seria uma exceção a regra, assim como há exceção em casos de homicídios ocorridos por risco a vida pessoal ( uma pessoa tenta te matar, e você, para proteger sua vida, mata o agressor).

O caso ainda possue "mais braços", porque as " denúncias" ( na narrativa) giram em torno de " grupos religiosos" que não queriam que a garota assassinasse seu prematuro: "os conservadores retrógrados de sempre". A questão, porém, é que o fato das terminologias " religiosos", "conservadores", " cristãos" e etc. Serem usados de forma pejorativa ou apenas para relacioná-los como os de "moral inferior", apenas demonstram outro ponto moral secundário: o do ódio à religiosidade. ( acredito, inclusive, que essa discussão só se tornou publica pelo fato de conservadores protestarem contra o assassinato de prematuros, além de fazer a "sociedade refletir" sobre a legalização a qualquer caso e custo).

O neoesquerdismo, bem como, o neoliberalismo moral, não perdem uma oportunidade sequer para tentar colocar a opinião pública contra os religiosos, sobretudo cristãos, fazendo parte da política de desconstrução da moral ocidental.

Todavia, acredito que se cá Marx e Engels estivessem, eles enchergariam a política de legalização do assassinato prematuro ( a todo e qualquer custo) como mais um dos tipos da superestrutura, em que a mulher burguesa ( junto com seu parceiro burguês), eleva-se ao ápice da opressão, a ponto de descartar, por forças do mercado capitalista ideológico, aquele que iria trazer custos ao seu capital individual-familizar colocando o corpo como " propriedade privada" da mulher burguesa.