Fragmentos
Luiza Rowlands
13 de julho ·
Você foi se fragmentando ...
Em milhões de pedacinhos...
Dissolveu diante dos meus olhos secos...
Nem chorar eu consegui...
Pois foi indo lentamente...
Devagar se dissolvendo feito névoa que dissipa...
Claramente eu vi que estava só...
Que era desse jeito sempre...
Foi assim antes...
Está sendo assim agora...
Não vou esperar o depois...
Em cada tentativa vã de me encontrar...
Me perdia de você e do mundo...
As coisas passam a ter um outro significado quando atingem níveis profundos de nós...
É difícil remover o encardido...
A sujeira emocional que fica grudada nas entranhas da alma...
Esfregar é inútil...
É preciso imergir em alguma substância corrosiva...
Deixar de molho na caudalosa solução de distância ácida e de ausências consecutivas...
Ao me dar conta... não estava mais alí...
Muito mais do que perder o alinhamento, nos perdemos no silêncio de todas as palavras que também dissolveram...
Lamente...
Desesperadamente...lamente...
É tudo que poderá fazer...
Podem existir todos os argumentos plausíveis e aceitáveis...
Retornar será um ato de coragem...
A vida pode até nos colocar diante um do outro novamente...
O destino tem dessas...
Mas já saiba... aqui não há mais aquela mulher benevolente, que aguardou calada por tantas madrugadas acordada ... vou também falar...
Despertei pra um mundo só MEU...
E nele poucos vão estar...
Só os que vierem com a intenção de ficar...
O resto pode se fragmentar...
Lu!z@