Soneto do meu contexto
Carrego nos lábios a reticência do meu enfurecer
Tão pesado e distante, que não há o que se dizer
Refaz, com sina, refina, cretina, o que vier ser!
Num clarão de riso, ou um quase anoitecer.
Levo no peito rasgado esse desejo de desprender
Do meu gemido contido quando não há voz
Este desespero que fere e é tão algoz
Renasce no instante que não é feito para entender
O mundo que me espera é vastidão de mim
Um redemoinho de infindáveis desrazões
Carregados de luz e luais sem fim
Cirandas de incalculáveis razões
Chegadas de não, talvez e um sim
Espalhadas pelas dúvidas e ilusões
De um tempo que não tem espaço, início e fim,
só acontece!
2019.11.16