Soneto do meu contexto

Carrego nos lábios a reticência do meu enfurecer

Tão pesado e distante, que não há o que se dizer

Refaz, com sina, refina, cretina, o que vier ser!

Num clarão de riso, ou um quase anoitecer.

Levo no peito rasgado esse desejo de desprender

Do meu gemido contido quando não há voz

Este desespero que fere e é tão algoz

Renasce no instante que não é feito para entender

O mundo que me espera é vastidão de mim

Um redemoinho de infindáveis desrazões

Carregados de luz e luais sem fim

Cirandas de incalculáveis razões

Chegadas de não, talvez e um sim

Espalhadas pelas dúvidas e ilusões

De um tempo que não tem espaço, início e fim,

só acontece!

2019.11.16

Tinna Mara de Camargo
Enviado por Tinna Mara de Camargo em 06/08/2020
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