Ah! Se aquele poeta visse hoje
Ah! Se aquele poeta visse hoje
Ele que dizia que já não mais existia o amor...
Que ele entrara pelos subterrâneos
E de lá não sairia mais
Até hoje está lá
E solta, às vezes um borrifo rarefeito
Que atinge um ou outro
Só assim se vive o amor
Se o poeta viesse aqui
Indignar-se-ia com a guerra de hoje
Já não há mais soldados, tambores, trincheiras
A guerra, faz-se em casa
Em escolas cheias
Com crianças que ainda não viram o amor
Faz-se na rua, no trânsito, com o vizinho
Até com o seu amor
Hoje é moda guerrear, competir, aniquilar
Lucrar com armas, terror
Hoje, poeta! O mundo é um só:
Uma bola purgando, pulsando, pulando,
girando em torno de si mesma
e em torno do sol.