O CAOS E SUA EVOLUÇÃO
O caos sempre esteve presente na humanidade, pois os ingredientes que o integram são qualidades imanentes ou intrínsecas do ser humano, o que confere ao caos uma permanente e estável evolução. O fator variável está na evolução social, que sempre esteve condicionada, na sua abrangência, aos limites do distanciamento físico entre os povos, pois as informações circulavam muito lentamente entre as nações, e nem sempre chegando a todas elas, o que estabelecia diferentes interferências nos níveis caóticos entre elas, favorecendo o maior desenvolvimento das nações com menor nível do caos, que usufruíam das informações, e prejudicando aquelas mergulhadas mais profundamente nesse caos, exacerbando-o pela escassez das valiosas informações que geram conhecimentos, configurando o perverso paradoxo do caos.
O extraordinário avanço da tecnologia detonou esse cenário, e por paradoxal que pareça, ao invés de frear o caos, pela disseminação do conhecimento, ele não só o acelerou, como o generalizou de uma forma mais uniforme, ativando-o em todos os países, inclusive nos mais desenvolvidos, como já se podia observar, antes do evento da pandemia do coronavírus, e este já é mais um acelerador do caos, pela enorme mortandade e pelo profundo golpe na economia mundial.
Não obstante, o caos não tem uma origem única e individual, mas desenvolve-se de uma forma progressiva e sutil, baseada num conjunto de fatores, os quais se incorporam entre si ao longo do tempo, conforme a alimentação recíproca dos seus componentes, e como ingredientes, podemos iniciar pela educação familiar, onde a criança passa a reunir os conhecimentos, os costumes e os exemplos desde os primórdios da sua incipiente capacidade de discernimento e apreensão, e esse alicerce é complementado na vida escolar, desde a escola infantil até o curso superior.
Embutido nesse contexto, acrescido do relacionamento pessoal na família, na escola, no trabalho, e em todo o relacionamento social, desenvolve-se o intercâmbio de conhecimentos e experiências, cuja síntese consolida a cultura como um todo, que cada indivíduo pode ampliar, de acordo com as suas potencialidades naturais e com o seu empenho pessoal. Temos ainda mais um ingrediente, que é o desenvolvimento espiritual de cada indivíduo, cuja orientação é da exclusiva competência de cada um, durante o curso da sua vida. Porém, o desenvolvimento de todo esse conjunto é absolutamente desigual entre as pessoas, e essa desigualdade fundamenta-se em dois fatores essenciais: nas potencialidades naturais e no empenho individual.
O espetacular avanço tecnológico, imprimiu velocidade instantânea nas comunicações, distribuindo-as em tempo real a todas as regiões do planeta simultaneamente, e com elas, os bons e os maus exemplos, estes sempre em muito maior proporção, ainda muitas vezes, inundados de perversões de diversas naturezas, de notícias falsas, além de jogos para diversões e outras banalidades que se tornam vícios, especialmente para jovens e adolescentes. Além do computador, o telefone celular se espalhou como uma pandemia pelo mundo, passando a ser o companheiro inseparável, em tempo integral, de todas as pessoas. O computador no trabalho e em casa, mais o celular no bolso para uso constante, isolaram as pessoas, retirando ou reduzindo drasticamente o contato pessoal, corpo a corpo, olho no olho, praticamente eliminando o intercâmbio de conhecimentos e experiências entre elas, restando o computador e o celular, muito explorados para as inconveniências que ocupam todos os espaços.
Esse cenário, representou um golpe mortal na evolução intelectual da racionalidade, pois o intercâmbio social de conhecimentos e experiências, representa o período mais longo na arregimentação desses atributos, acompanhando o indivíduo até quando estiver ativa a sua lucidez. Como outro indício da decadência intelectual, temos a falência das editoras e das livrarias, porque ninguém mais suporta ler um livro, ou mesmo um texto, se este for mais extenso. Tratando-se de conteúdos mais complexos, que exigem mais esforço mental, e melhor nível intelectual, eles são previamente descartados, até por incapacidade de compreensão, além da negligência.
Como resultado desse nefasto conjunto, temos a progressão geométrica de intelectos subnutridos, suscetíveis da proliferação também progressiva, de todos os componentes nocivos à sociedade como um todo, generalizando a péssima qualidade de vida social, ensejando a instalação e a expansão do caos. Nos países subdesenvolvidos e bastante corruptos, como o Brasil, esse fenômeno é muito mais devastador, pois as próprias instituições, como maus exemplos, são potentes aceleradores da derrocada fatal.
Para completar o horroroso cenário, temos o exame do âmbito espiritual, onde os exemplos horripilantes registrados na história da denominação teológica mais antiga, e a proliferação de uma infinidade de congêneres, verdadeiras redes de supermercados da fé, cujo objetivo principal é o poder financeiro e político, e que iludem as pessoas mais humildes, e desestimulam as pessoas mais cultas que se tornam indiferentes à espiritualidade, ou mesmo totalmente descrentes, pois erroneamente associam essas instituições à religião, e até a Deus, com Quem elas não têm nenhuma afinidade. O desenvolvimento da espiritualidade é o mais poderoso componente de todos os atributos que formam a estrutura ética e moral dos indivíduos, e mais um paradoxo, é também o que desperta menos interesse nos seres humanos.
Esse é o cenário que se estende sobre o planeta inteiro, variando apenas a maior prevalência deste ou daquele ingrediente, e a intensidade do conjunto deles em cada país, e é como consequência desse perverso e nefasto conjunto, que na Terra se instalou e está em ascensão o caos total, sem fronteiras, e talvez o coronavírus veio apenas para consolidar aquilo que a humanidade vem construindo desde que o homem primitivo irracional (Adão) acordou, adquiriu a racionalidade, tornando-se o homem habilidoso, que jamais conseguiu sair desse estágio, mas contagiado pelo efeito Narciso, se autointitula homem sábio, cuja “sabedoria” ele utiliza para a construção do caos, e para destruir a sua própria casa: o Planeta Terra, feito prisioneiro de governos inescrupulosos que, todos em conjunto, decretaram a sua compulsória falência.
Essa realidade é um caminho sem volta, e a velocidade da sua evolução é progressiva, acelerando-se pela sobreposição de todos os ingredientes, que se alimentam uns dos outros e se reproduzem em escala geométrica, e essa mesma realidade não é um instrumento para o exercício do pessimismo ou do otimismo, bastando examinar a história da humanidade e o cenário atual para vê-la em letras maiúsculas. REALIDADE.
Nesse cenário caótico, é bom lembrar que individualmente, nada podemos fazer para mudar a realidade geral, mas tudo podemos fazer para consolidar a nossa realidade pessoal e individual, mudando-a onde indicar a nossa consciência.
Senhores passageiros, coloquem os seus assentos na posição vertical, ponham os seus cintos de segurança, e coloquem as suas máscaras: vamos enfrentar uma forte tempestade. Mantenham-se calmos, e... Façam as suas orações.