diálogo com paisagens - Ato IV

ignoto

rogo essa liberdade de onde salta o vento

estranhando minha alma presa às horas.

impregnada no bico matutino de passarinhos

até que se erga seu cansaço crepuscular.

pendurada sem segredo,

no amor incondicional do meu cachorro.

que palavra alguma pode exprimir,

mas, se aspirada,

cura a omissão dos dias.

acesso sua poesia pela contemplação.

minha contemplação é minha oração.

minha oração te levanta

das solas cansativas do esquecimento,

porém, seu halo evapora e não limpa meu coração.

o esquecimento devora com suas ocupações.

rogo sua composição

inacessível onde estou incrustado.

e seu desuso vira noticiário,

vira chacina.

vira decreto.

lagartas te capturam e tecem asas.

o outono te leva nas folhas.

a mãe te expressa em seu cuidado materno.

tão próxima está e distante permanece,

no vácuo de minhas mãos.

minha cidadania teu halo rejeita

e te tocar,

impetrar sua paz é tropeçar e cair do caos.

é me ferir rompendo as crostas das ideias que me vivem.