Precisa-se de Humanidade!
Às vezes a dor é amarga, o incômodo é ardente, o vazio é assustador, o sentimento de solidão é desestimulante e o sofrimento parece infindável. Às vezes a vida parece escura e sem sentido, os dias presos em sombras e obscurantismos e as noites ainda mais frias e desertas. Às vezes a dor não é física, não é material, incomoda a alma, sangra o íntimo de nosso ser. Sentimo-nos abandonados, esquecidos, desprezados, sozinhos em um mundo de bilhões. O gostoso perde o sabor. O lindo perde o brilho. E as palavras perdem o significado. É quando existir deixa de ser um privilégio, assume o peso de um fardo e nossos olhos sucumbem a lágrimas profundas e intensas. Nem sempre somos compreendidos em nossa dor, nem sempre somos acolhidos em nossa amargura, somos julgados, chamados de fracos, empurrados à reação mesmo sem possuirmos forças para o mais simples ato de respirar. É quando somente uma certeza nos é válida: não aguentamos mais viver.
É quando, também, precisamos de ajuda.
Muito se fala sobre depressão, mas parece que pouco se aprende. O parágrafo inicial mostra um pouco do que é ser uma pessoa depressiva, tente imaginar tais aspectos com a maior intensidade que conseguir, ainda não chegará perto do que sentem muitas das pessoas vítimas desse grave mal. Um mal causado pelas exigências, pelas ansiedades, pelas obrigações, pela busca insana por um ideal de perfeição, pela falta de um ouvido capaz de ouvir sem julgar ou condenar, pela deficiência de empatia, pelas expectativas dos outros ou nossas, pela aparente incapacidade de alcançar objetivos surreais. Aparente porque muito do que acreditamos ser a vida não passa de construções complexas e inalcançáveis, enquanto que a verdadeira vida é simples, breve e satisfatória.
O mal do século.
A infecção mental ou o vírus psicológico que paralisa, prende e mata.
Precisamos de sensibilidade, uns pelos outros, e sensibilidade por nós mesmos. Precisamos de respeito mútuo, mas também de respeito próprio. Precisamos olhar para as pessoas e enxergar sujeitos suscetíveis a dores, a medos, a sonhos e respeitar o direito de cada um existir, bem como precisamos identificar nossos próprios incômodos, resolvê-los com toda a paciência que o processo exige e entender que temos total liberdade para vivermos a vida que nos pertence mesmo que ela não se assemelhe a de ninguém. A única regra é viver uma vida que valha a pena.
Precisamos enxergar a depressão com todo o potencial destruidor que ela possui, sem, jamais, subestimá-la. Temos grandes responsabilidades na sua prevenção, bem como na sua cura, o que nos falta é senso de humanidade para que o conselho de Carl Jung seja seguido: “ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma humana”.
(Texto de @Amilton.Jnior)