Considerações sobre o tempo II
Tenho refletido bastante sobre o tempo…
Para aprender a respeitar o tempo próprio das coisas.
Percebo o quanto ele é pontual, assertivo e metódico.
Andei por algum período me cobrando desconstruções, me exigindo aprendizados, me abarrotando de conteúdo e esperando que eu os absorvesse no tempo que eu determinava para tal.
Fiz disso obrigação.
Da obrigação se tornou encargo, penoso, difícil.
Não absorvi. De quebra, me desgastei.
Levei tempo para virar a chave.
Levei tempo para compreender o tempo.
Desconstrução compulsória é só mais uma armadilha.
Durante um tempo olhei muito pra mim, na expectativa de que de tanto me olhar eu de fato me enxergasse.
Durante este mesmo tempo eu acreditei estar me libertando da obrigação de perfeição.
Hoje, acho improvável se libertar de uma obrigação, fazendo dessa libertação uma nova obrigação. É mais do mesmo, só muda a roupagem. A própria armadilha.
Acho até que o “procurar por” nos impede de viver a desconstrução natural.
Mas, acho agora. Antes não achava não e portanto andei a procura.
Descansar, soltar a mão do tempo, da falsa sensação de controle, tem me trazido compreensões que quando busquei não alcancei.
E quem sabe, talvez agora, eu tenha aprendido a respeitar o meu próprio tempo e o tempo de cada coisa.
Quem sabe, eu me aceite imperfeita, incompleta e limitada.
Quem sabe, agora que penso saber, eu de fato compreenda que negar minhas sombras, significa em alguma medida negar a minha luz.
Quem sabe...
Por que por hoje, eu me desobrigo de saber.