DOAÇÃO
Podendo se tornar numa característica fundamental da natureza humana, a generosidade, não sendo um condicionamento cultural acima de um cerne malicioso, pois, um presente é algo de valor dado sem a expectativa de retorno, contrário ao suborno, que postula a esperança de influência ou benefício.
Presentear pode ser motivado por uma expectativa razoável de mutualidade ou recompensas ao longo do tempo, ou, provocado pelas emoções positivas que podem envolver o ato de dar, nos permitindo explorar o que significa ser humano e viver em uma sociedade humana, e essa cooperação nos conscientiza de nossa interdependência.
Em todas as áreas do saber, a obliquidade ocorre em favor da ortodoxia vigente. Mas, não há filosofia apropriada na metáfora que empreste seu uso indevido a uma faculdade particular.
Na transferência educacional familiar orientada por nossos pais, muitos de nós crescemos na crença que é mais nobre dar do que receber nos imbuindo de uma proteção contra o narcisismo e egocentrismo, nos capacitando a considerar as necessidades e infortúnios dos outros.
Dar presentes pode ser um dilema bastante insensato como a consideração de uma perspectiva que afronta a contestação econômica racional.
É mais difícil manter o costume na compra de presentes para outras pessoas, do que nas compras para si mesmo, além de a troca de presentes ser um exercício, às vezes, estressante.
Presentear e receber são aspectos diferentes da intimidade do conhecimento e proximidade entre as pessoas. Contudo, às vezes, receber um presente nos constrange e causa desconfiança, nos remetendo a imaginar os motivos das pessoas em tentar nos agradar. Criamos uma barreira instintiva nos defendendo preventivamente de qualquer senso de obrigação ou dívida, por receio de alguém estar tentando nos controlar ou manipular.
Entretanto, receber com humildade e apreciação são um presente para quem dá, nos convidando a aceitar uma parte vulnerável de nós mesmos, e cria um equilíbrio em nossa vida reconhecer a amizade, agradar a quem apreciamos e auxiliar o necessitado, nutrindo o nosso íntimo de satisfação em poder reciprocar, ajudar e ser útil.