Aos amigos reais
Tempos atrás eu disse: "Tenham sempre alguém que te relembre quem você é, quando sua percepção sobre si mesmo estiver comprometida." Fez muito sentido à época. Faz mais sentido agora. Eu tenho aprendido a apreciar a beleza e a necessidade dos que portam a coragem de me confrontar. Dos que ousam não me fazer concessões. Isso é de uma delicadeza tamanha. Requer cuidado e sobretudo destreza. Sou grata aos que não me trazem respostas, mas interrogações. Sou grata aos que me socam o estômago, me provocam sustos, me chamam de volta à mim. Sou grata aos que não me poupam da dor que a verdade provoca. E como bem disse Maria Homem: "A verdade é dura, é ambígua, mas é só ela que ecoa." Sou grata aos que me dizem o que ecoa e reverbera. Sou grata aos que não me massageiam o ego e não alimentam o Narciso que me habita. Sou grata aos que não me oferecem relações açucaradas e que sabem me desconfortar quando a situação requer. Sou grata aos que me ampliam a visão quando tudo que vejo é o meu próprio umbigo. Sou grata aos que me dizem não, quando não convém dizer sim. Sou grata aos que não me bajulam e jamais hesitam em discordar de mim. A estes poucos, escassos, mas por sorte, existentes e atuantes: Gratidão!