A igreja à frente do amor de Deus como legitimador de maldades.
Estava pensando em como são legitimadas as atitudes cruéis praticadas por fiéis em nome de Deus. Hoje, no Brasil, a maioria da população é Cristã, e falar em nome de Deus, agir em nome de Deus, são atos legitimados e acompanhados de perdão e compreensão.
Antigamente, a igreja castigava em nome de Deus de forma cruel. Eles torturavam as pessoas, matavam famílias. Se alguém tinha algum fato dito imoral imputado a si, a igreja o submetia à torturas cruéis, como: mergulha-lo no rio com uma pedra amarrada ao seu pé, caso sobrevivesse, estava falando a verdade, porque Deus o livraria. Queimavam mulheres que iriam de encontro com suas imposições e crenças - eram ditas bruxas. Tudo legitimado em nome de Deus.
Hoje, a igreja evoluiu seu lado inquisitorial, e passou a instaurá-los em seus fiéis. A igreja não mais tortura fisicamente, mas ensina o oposto do escrito bíblico ‘’ Deus é amor’’, e condiciona dogmas ao amor de Deus, por exemplo: certa vez, uma parente próxima a mim, me comunicou que estava esperando um bebê. Naquele momento eu chorei, eu fiquei verdadeiramente feliz, e senti pela primeira vez o que era chorar de felicidade. Na mesma ocasião estava acompanhada de alguns amigos, e ainda comentei, “ isso são lágrimas de felicidade”. Pois bem, passaram-se alguns anos, e hoje, quem encontra-se grávida sou eu. Então decidi comunicar a mesma parente do fato anterior, de que eu estava esperando um bebê, nesse momento a reação dela foi a seguinte: ‘’ nossa, eu nem sei o que dizer. Difícil de acreditar. Não esperava isso de você’’. Sabem qual a diferença entre eu e ela? Ela é casada e evangélica, e eu, mãe solteira.
O meu amor não está ligado a dogmas. Meu sentimento é verdadeiro e não está condicionado à nenhuma crença. “Tudo bem estar grávida, mas tem que estar casada. Tudo bem que você é infeliz no seu casamento, apanha do marido, é estuprada, mas só engravide casada. ” Por que? Porque a igreja ensinou que primeiro homem e mulher casam-se, depois vem o bebê. Mas a Bíblia não fala que Deus é Amor? O amor de Deus que a igreja prega é cheio de condicionais, cheio de julgamento, de ódio àqueles que não seguem a receita da família defasada.
Estar dentro de uma igreja não o torna um ser moral, nem superior. Ser maldoso em suas atitudes sem empatia não o torna impune por estar seguindo um dogma. O dogma é maldoso e você também. Você não é livre para praticar o mal em nome de Deus, em nome de suas crenças. A Bíblia não traz um capítulo especial de dogmas. “ Dogmas para Cristãos evangélicos. Dogmas para Cristãos católicos”. A bíblia é uma só. Cristo é um só. E mesmo assim existem ramificações de religiões que fazem o uso da mesma bíblia, que creem no mesmo Deus. E dentro dessas religiões ainda existem ramificações de igrejas, que pregam a mesma religião e atacam umas às outras. O que muda? DOGMAS.
Nota final: meu filho não será submetido a dogmas e à falsa ideia de amor. Amar é amar, e ponto. O amor é livre e não condicionado a estado civil, gênero, cor ou status. Crescer num meio o qual não seja, em hipótese alguma, legitimado qualquer tipo de maldade. Nem em nome de Deus, nem em nome da Pátria. É o que desejo para todos nós.
Por, Izadora Boselli.