O bonito é ser quem se é

“Ser bonito significa ser você mesmo. Você não precisa ser aceito pelos outros. Você precisa se aceitar”.

Essa frase de Thich Nhat Hanh nunca deixará de ser atual porque, na minha opinião, as pessoas dificilmente deixarão esse triste desejo de ser aceito pelos outros com tudo o que isso implica: seja no modo de se vestir, de falar, de pensar, de tratar as pessoas, de tratar a si mesmo. Buscamos tão incansáveis pela aceitação do outro e nos esquecemos de sermos aceitos por nós mesmos, tornando-nos nossos maiores inimigos. Sim. Por mais incrível que possa parecer, contrariando a frágil crença de muitos, podemos ser nossos grandes adversários quando nos odiamos por não conseguirmos respeitar a moda, por não conseguirmos trilhar por caminhos que prometem levar ao sucesso, tudo isso porque ignoramos a maior de todas as convicções: somos únicos, ímpares, temos que passar pela nossa própria experiência.

E se não formos aceitos por ninguém? Dane-se. Seja você seu melhor amigo, aquele que o aceita incondicionalmente.

Precisamos reconhecer o nosso próprio valor, precisamos assumir nossas particularidades, aquilo que nos destaca em meio a uma multidão de conformistas padronizados. Será que a vida deles é realmente feliz? Será que eles são de fato autênticos? Ou será que quando as luzes se apagam e o show se encerra tudo o que lhes sobrevém é um desejo ardente de terem a liberdade para viverem a própria versão? Estamos acorrentados em verdades fajutas, em prisões audaciosas, em estilos que nem mesmo os criadores suportam ou seguem.

Não há alguém mais belo do que aquele que se assume, que se aceita.

E quando isso acontece, quando finalmente nos conciliamos com o nosso verdadeiro eu, então nos tornamos autênticos, entregamo-nos ao prazer de ser quem somos e até nossas próprias dificuldades se tornam, em algum grau, compensadoras. Além disso, além da satisfação de sermos reais, inspiramos outras pessoas a serem mais generosas consigo mesmas, serem mais autênticas, mais honestas com a própria história. Quando nos libertamos da necessidade de aceitação dos outros acabamos aceitos por alguém que não se importa com defeitos, nem idealiza o impossível, interessa-se apenas por entrar em contato com a nossa essência, o que de mais intrínseco e particular podemos possuir.

(Texto de @Amilton.Jnior)