As mazelas subjetivas do eu
Durante muito tempo ignorei meu eu, no sentido de me conhecer, entender minhas vontades, meus sentimentos, compreender porque eles são assim.
Percebi então, depois de certo tempo e de conhecer mais sobre o assunto, que a maioria das pessoas desenvolve um padrão de comportamento, que se repete ao longo da vida. Isso é instigante e me faz entender que o autoconhecimento é imprescindível.
Você precisa aprender muito ainda sobre você. A vida é esse processo de conhecimento, e quanto mais exercemos o autoconhecimento, mais bem resolvidos somos e melhor nos relacionamos com as outras pessoas. É importante considerar que o "eu" está em constante guerra, "a mente é um campo de batalha" (Joyce Meyer).
Como vencer - se é que isso é possível - ou aprender com nossas guerras internas? Por que temos reações explosivas como por exemplo, bater forte uma porta, ou chorar copiosamente após ouvir três ou quatro palavras ferinas? Não temos o controle de nossas emoções? Quando alguns gatilhos são acionados, parece que nos perdemos e não controlamos mais nossas reações. Como entender mais sobre nosso comportamento?
Não sou uma especialista no assunto, mas gosto muito de conhecer sobre, para me conhecer melhor.
Todos nós temos uma "criança interior ferida", o que é basicamente: feridas que ficaram desde a nossa infância de situações que não tínhamos maturidade para lidar. Essas feridas (refiro-me a situações que marcaram) continuam conosco mesmo que inconscientemente, e quando nos deparamos com situações semelhantes, a criança interior ferida, desperta e possivelmente repetimos comportamentos infantis, como os exemplos citados acima. Precisamos curar essas feridas da criança interior. O que pode ser feito? Conversar e perdoar quem te feriu; encontrar os meios que cada um tem para ficar bem - alguns creem em Deus para curar feridas, outros têm outras crenças - ou em casos de feridas profundas, recomendo que procure ajuda profissional, um psicólogo para fazer terapia, que é um excelente tratamento. O certo é que se não cuidarmos da ferida, ela não vai se curar sozinha.
Darei um exemplo para facilitar o entendimento: um homem em terapia, dialogando, fala de suas conquistas sem demonstrar alegria alguma, o psicólogo pergunta: "_Você ficou feliz em ser promovido a chefe?" Ele responde: _"Sim, mas, tudo bem, normal". O psicólogo no decorrer da longa conversa, aborda sobre sua infância e pergunta sobre os fatos que mais marcaram. O paciente responde que quando tinha dez anos ganhou o prêmio de ciências na escola e foi para casa muito feliz para contar a sua família, mas ao chegar, seu pai havia falecido. Ele não contou para ninguém sobre seu prêmio e apenas focou no luto. Após muitas reflexões o psicólogo, aponta ao paciente um padrão de comportamento, onde ele suprime suas alegrias, com medo de que algo muito ruim aconteça, caso ele fique realmente feliz.
Outro padrão de comportamento comum é depois de algumas decepções com pessoas, se afastar, ter medo de se relacionar e preferir certo distanciamento, ter dificuldades em fazer amizades, ou então manter os relacionamentos em nível raso, para jamais se apegar e correr o risco de ter seu coração partido novamente.
Outro ponto importante é que todas as pessoas têm feridas do passado e do presente, então sem vitimismo, por favor. Empatia faz bem a todos (as).
Meu desafio a você é: conheça a si mesmo! Converse com você, reflita a fundo. Quais são as feridas da sua criança interior? Relembre, pense... O que dói quando se lembra da infância? Quais são seus padrões de comportamento? Como são seus relacionamentos familiares, entre amigos e amoroso? Quais são as suas feridas atuais? Elas se relacionam a algum padrão de comportamento seu? O que te entristece? Relembre seus momentos em que perdeu o controle (agrediu verbalmente, por exemplo). Porque teve esses comportamentos? Quais gatilhos foram acionados em sua mente? Como pode superar ou aprender com esses padrões de comportamento? O que te faz feliz? Enfim, muitas são as reflexões que precisamos ter a sós, conosco.
O que Deus nos aconselha é: "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida" (Provérbios 4:23). Aqui, coração refere-se também a mente. Guardar está no sentido de preservar, deixar entrar só o que for bom, útil, bem como, manter a mente limpa, sem feridas e sem lixo de um passado mal resolvido. É fácil? Não. Mas, é preciso.
Precisamos aprender a manter relacionamentos interpessoais saudáveis, não tóxicos. Precisamos aprender a não ser uma pessoa tóxica, cheia de mágoas e sofrimentos que podem ser resolvidos, se você quiser. Esse processo de compreensão das mazelas subjetivas do eu, pode e deve durar a vida toda, e nos direciona à felicidade. Afinal, estamos todos em obras, em processo de aperfeiçoamento, rumo a nossa melhor versão.
Espero ter ajudado, compartilhando com você essas reflexões.