Adultice

Todos fomos crianças. Todos sem exceção, não importa a condição de vida em que vivíamos, montávamos nas asas da imaginação ao brincar com coisas simples. Me lembro de uma reportagem onde até o repórter chorou ao visitar uma zona de extrema pobreza. Tinha um menino que brincava com ossos, fazendo de conta "que aqui é um boi, aqui é o filhinho do boi, aqui é uma mesa, etc". Faltava-lhe tudo: moradia decente, água, comida escassa, muito escassa. Roupa, só uma. Mas tudo isso não o impedia de voar dentro da sua própria imaginação. Todos fazíamos isso. Me lembro que eu e meu irmão com uma poltrona e 4 cadeiras e uns pedaços de fios, tínhamos uma carruagem do velho oeste. Que montar uma árvore de natal com bolinhas feitas de papel alumínio e algodão nos lembrava na neve que nunca vimos e do Papai Noel que já sabíamos não existir a não ser na nossa imaginação. Um lençol e 4 cadeiras era nossa cabana, que também podia servir como nossa caverna secreta. Hoje sofro de adultice, mas, não deixo a minha criança interior de lado. Se consigo ter uma televisão desejada, nova, me sinto como quando meu pai comprou uma: levantava bem cedo de manhã várias vezes até me acostumar, simplesmente para ver se a televisão continuava no mesmo lugar, pois sabia que dali sairiam aqueles desenhos, aqueles filmes, aquelas novelas, e me levariam também ao mundo cheio de imaginação e fantasia. Hoje as pessoas se levam a sério demais, perderam a sua criança interior. Algumas estão comigo: ainda são capazes de sonhar, de voar no mundo da imaginação, deixando um pouco de lado o mundo cheio de problemas a enfrentar. E você? Onde está sua criança interior?

Shri Shankara
Enviado por Shri Shankara em 09/07/2020
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