A imagem pode conter: 2 pessoas, óculos de sol e atividades ao ar livre



GENTE QUE VEM de tão longe… E eu levo TANTO tempo só pra decidir em que praça vou me sentar… O mais estúpido que muitos dizem, é que escolher não viajar… é “desperdiçar uma vida”. Por quê os monges do Tibete – com sua sabedoria tão atestada - não saem de lá pra tirar selfies no Rio Vermelho ou aqui? Estou certo de que podem sentir o cheiro de acarajé… de lá do topo!

Brincadeiras à parte, o ser humano passou boa parte de sua existência aperfeiçoando suas casas, muros, defesas, salas e quartos… pra afinal, se vangloriar quando consegue SAIR de tudo isso. Muitas vezes há sentido nesta saída, há espiritualidade. Uma necessidade enorme de mudança. Muitas vezes, não há nada além de capricho.

A maioria das pessoas que entram aqui na loja quando a cidade está cheia, comprando livros, discos e conversando comigo, consideram até mesmo o fato de sair do centro da cidade, uma aventura extra, fora do mapa, quase absurda e desnecessária (em suas cabeças).

E ENTÃO VOCÊ SAI, por aí… criando personagens de minisséries. O viajante é sempre um livro aberto (e provisório). Ele pode ser o que bem entender (e AMA desfrutar disso)... Sabendo que aquele - ou aquela - neurótico (a), dependente de milhares de substâncias, dependente de dezenas de pessoas e de situações (que muitas vezes nem lhes fazem bem) continua LÁ aguardando.

Você simplesmente OLHA aquilo em sua volta. Consome alguma coisa ou outra… e vai embora, dizendo a si mesmo: "YEAH"! EU ESTIVE EM TAL LUGAR”. Retorna, abraçando seus velhíssimos problemas (com o pendrive ou o celular com as fotos praticamente enfiado no rabo pra não perder) como uma nova pessoa... cheio de insights, e iluminações. Mas você sabe, que só precisa escutar uma quantidade determinada de “NÃÃÃÃÃOS” para se transformar novamente no INCRÍVEL HULK... das Finanças, do Amor, da Família, da Política, do Sexo, da Cidade, da Vizinhança, da Família, da Casa, do ESPELHO.

Ser novidade faz bem ao ego. Dizer que esteve em diversos lugares soa incrivelmente inteligente... soa maduro. Turistas são tratados como a realeza, quando visitam uma cidade pequena. Se ficarem por tempo demais - dando entender que querem morar… - tudo se converte em antipatia. E passam a serem vistos como leprosos… ou extraterrestres.

EM 2018 eu fui a fortaleza… ou foi 2017? (Eita…). Bom, mas o que importa é que na verdade EU NÃO FUI PRA FORTALEZA. Porque eu simplesmente desci do aeroporto, fui pro hotel e basicamente só saí dos arredores, para ir ao casamento de meu amigo. Portanto eu fui AO CASAMENTO do meu amigo, eu estive lá... e só.

E em 2013 eu não fui a Aracaju… eu entrei num ônibus. Eu desci do ônibus, eu entrei num hotel. E me lembro do QUARTO, do ar-condicionado, e da cama. Não lembro direito da cidade, não conversei com ninguém (o que em minha opinião hoje em dia, é como se eu não tivesse de fato, ido lá).

Tinha uma praia na frente… eu cheguei na praia e a única coisa lembro é de dizer “Mé.. Guarajuba é melhor...” e não querer mais pôr os pés naquela areia. Tiramos FOTOS (minha ex-namorada e eu). E sabe o que aconteceu com as fotos? Devem ter ido embora com o falecimento do meu último computador e do HD que não consegui salvar. Pois jamais passou por minha cabeça, a ideia de revelar aquelas fotos. Ou outras fotos… fotos de aaaaaaaanos pra cá.