Ultrapassar as Barreiras
É difícil entender as verdadeiras razões que levam as pessoas a se odiarem e atacarem porque vivem experiências diferentes seja na vida amorosa, no âmbito religioso, na escolha política e na forma de pensar. É assustador assistir as pessoas se odiando, destilando todo o seu ódio a partir de discursos ásperos, palavras humilhantes, ações que vitimam e arrancam lágrimas. É horrível ter que confessar que o maior inimigo do homem é o próprio homem.
Fomos capazes de extrapolar os limites do possível, rompemos as barreiras da atmosfera e colocamos nossa pegada na Lua, fomos capazes de deixar as fronteiras do nosso planeta a fim de experimentar o impensável, nossa racionalidade fez isso, a capacidade que temos de manusear nossa inteligência. No entanto, apesar de grandes avanços, ainda somos incapazes de algo tão simples e fácil de alcançar: não conseguimos demonstrar tolerância, apreço ou respeito pelos nossos iguais, não conseguimos ultrapassar nossa própria bolha para acessarmos um pouco do vasto e incrível universo que existe no outro.
Achar que somente nós somos os certos, que apenas o nosso modo de viver é o correto, é mais do que falta de bom senso, é arrogância. Considerar que o outro vale menos do que nós por viver o que em nosso equivocado pensamento é condenável é a mais clara forma de ignorância, uma ignorância que assombra, que machuca, que causa profundos ferimentos, marcas eternas e até a morte. Quando aceitarmos que não precisamos pousar em Marte para que tenhamos descobertas inesquecíveis, ao contrário, que basta nos desvestirmos de nossa petulância e adentrarmos ao singular mundo do outro, então perceberemos o quanto éramos leigos por achar que a vida só aceita dois caminhos, duas versões, que ela é feita da dualidade luz e trevas, bem e mal. Somos pessoas. Precisamos viver como pessoas entendendo e assumindo que nossa maior qualidade é a diversidade de existências que nos acompanham.
(Texto de @Amilton.Jnior)