Um dia da caça, outro do...

O ditado era "um dia da caça, outro do caçador".

A caça sou eu.

Pronta para "tornar-me abatida".

Hoje foi dia da tristeza.

Ela,

a tristeza,

tem levado vantagem na competição ultimamente.

É mais forte

e mais persistente que eu.

O que mais me destrói é a congestão.

Fico entalada,

sufocada,

inchando de tanta dor comprimida

e lágrima contida.

Mães não tem direito de desabar ou desaguar.

O desabafo não é próprio das mães.

A solidão, sim.

Uma estranha solidão de quem nunca está sozinha.

E as companheiras

que anos de privação e provação me deram:

inércia, dormência e abstenção.

Estas me envolvem,

me embalam nos dias da tristeza.

Graças a elas "faço" nada.

Só respiro.

E espero o dia passar.

Negligencio tudo o que posso.

Negligencio a vida, o dia...

Amanhã,

talvez,

e quiçá,

o dia seja meu.