Choro, luto e pandemia

Existe o tempo em que o luto é desnecessário, que o choro não adianta de nada e as palavras, menos ainda.

O tempo da morte, do adeus (sem adeus) e daquilo que planejamos que não vai acontecer.

A gente tenta achar um sentido, entender, saber que a pessoa não existe mais, pelo menos não fisicamente, mas, a verdade é que as palavras não falam, e assim, como Carlos Drummond de Andrade disse “e os olhos não choram, e o coração está seco”.

O luto, uma pandemia, muitas famílias fragilizadas pela tragédia, dor e pelo medo do futuro. Não temos tempo nem para, dignamente, chorar.

Não temos tempo de pensar em outras coisas além de sobreviver. Não podemos.

Hoje, quem pode chorar e velar os seus e dizer adeus é um privilegiado.

Mulher Anônima
Enviado por Mulher Anônima em 28/06/2020
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