Ele

Toda noite, escrevo em minha mente.

Redijo histórias que não possuem roteiros.

Escrevo sem o menor sinal de algum papel.

Traço sonhos com a minha imaginação,

E nada tem a menor coesão.

As imagens ficam assim, desconexas.

Porém, tudo segue um certo padrão...

Sempre há ele ali.

Os cenários mudam,

As atuações, também.

Exceto ele, pois é o meu protagonista.

...

Incrivelmente, quando penso no meu amor,

Todos os meus poemas viram quase uma prosa,

As rimas dificilmente se formam.

É complexo expor a verdade nua e crua.

Acredito que a minha mente sempre tenta me proteger,

O ego me impede de rimar o amor.

Porque tudo o que um dia eu já conheci sobre tal,

Foi dor.

...

Com ele é diferente,

A minha escrita não mente.

O corpo todo sente.

As vezes ou outra, os versos consigo rimar.

Mas logo se perde.

Porque ele consegue indagar o meu coração,

Me fez enxergar que não conheço esse sentimento.

De fato,

Nunca conheci algo igual.

Estou habituada com a confusão,

Minha alma sempre é tormenta.

Mas ele veio com a calmaria.

Essa eu ainda não dominava.

....

Ele chegou e reordenou meus livros.

Fez da minha estante o seu lugar favorito.

Ah,

Como eu o admiro...

É enigmático esse capacidade dele em simplesmente...ser.

Esse jeito de me inspirar mas sem me permitir escrever.

Só florescer.

Desaprendi a murchar

Não sei mais o que é chorar.

Eu não preciso me machucar.

Ainda bem, ainda bem...

Agora já não quero mais reaprender a viver no mundo...sem ele.

Já não quero mais ter que rimar... sem ele.

Afinal,está tudo tão belo onde estou.

A vista daqui, dessa inquietação calma,

É paradoxo sem sentido,

Que tem toda logicidade...

Para nós.

.

E agora acho que já entendi,

Ele é a própria poesia, sem rima, sem nada...

E, ao mesmo tempo, com tudo.

Tudo de mais incrível no mundo.

Petite Safira
Enviado por Petite Safira em 27/06/2020
Reeditado em 27/06/2020
Código do texto: T6989048
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