foto: biblioteca de minha casa.
Numa data como essa (21 de junho), mas no ano de 1839, nascia o Bruxo do Cosme Velho: Joaquim Maria Machado de Assis.
Os que me conhecem mais de perto sabem o tanto que leio e o quanto admiro seus escritos, como todos os brasileiros (não é?), haja vista estarmos a falar do maior escritor brasileiro de todos os tempos — e também do mestre sem mestre; do fundador da Academia Brasileira de Letras; de um preto que deu certo (continua a ser mais difícil); de um sujeito sem sobrenome; do que tinha epilepsia; do que era gago; do que aprendeu inglês sozinho (francês com um padeiro).
Por esta página ser dedicada à poesia, em singela homenagem poderia ficar com seu poema de minha predileção, qual seja: “A uma senhora que me pediu versos”. Mas não.
Limito-me a reproduzir trecho que tenho quase que por decorado do conto “Teoria de Medalhão”, o qual se desdobra em diálogo de pai para filho, e este recebe o seguinte conselho para que pudesse alcançar prestígio em uma sociedade de aparências (não existe mais isso, não é?):
“(...) Mas, qualquer que seja a profissão da tua escolha, o meu desejo é que te faças grande e ilustre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuridade comum. A vida, Janjão, é uma enorme loteria; os prêmios são poucos, os malogrados inúmeros, e com os suspiros de uma geração é que se amassam as esperanças de outra. Isto é a vida; não há planger, nem imprecar, mas aceitar as coisas integralmente, com seus ônus e percalços, glórias e desdouros, e ir por diante.”
Ler Machado de Assis, como disse certa feita Carlos Drummond de Andrade, é um “vício irresistível”.