A árvore não nasce a partir dos frutos...

Durante muito tempo, os aspectos exteriores foram o objetivo dos seres encarnados em todas as regiões do planeta.

A preocupação do ter tornou-se e é a mola propulsora da esmagadora maioria dos seres vivos, onde existe a constante preocupação do querer, evitando-se em preocupar-se do precisar. Lamentavelmente, esta cultura é impregnada nas pessoas desde o seu nascimento.

Naturalmente, a ambição dos homens, que serve de estímulo, está no limite, onde muitos a substituem pela ganância, levando os seres a percorrer caminhos dos mais variados, carregados de ansiedades, angústias e aflições, onde além de dificultar a sua compreensão pelas coisas, o entendimento pelos seus irmãos, além de abrir uma porta de livre acesso para os que estão do outro lado da vida, em planos não muito iluminados para vibrarem ou procurarem um escambo entre coisas daqui com intenções de lá.

Com o passar do tempo, a vontade de ter ou querer passa para um estágio perigoso e psicótico, onde as pessoas partem para ações não recomendadas, forçando as coisas a acontecerem para atender as suas expectativas.

Para os que não têm, por enquanto, o seu despertar consciencional para as coisas espirituais, do fundo da alma, irão bater de porta em porta, até ferir as suas mãos, em busca de um falso alento. Entretanto, a situação se torna mais dramática para aqueles que têm uma noção mais clara sobre o bem e o mal, do ter e do não ter, do precisar e do não precisar, do querer e do poder, etc., pois tapam o sol com a peneira, na infrutífera tentativa de acelerar processos e coisas. Felizmente, graças à misericórdia infinita de Deus, nada acontece antes do tempo.

Os nossos irmãos que apresentam uma percepção mais aguçada e uma compreensão mais esclarecida sobre os aspectos espirituais são sabedores de que antes de ser dado o segundo passo, o primeiro terá que ser dado com firmeza.

Se no mundo físico encontramos expressões do tipo: “não colocar a carroça da frente dos bois”, que dirá no mundo espiritual?

A perspectiva de desenvolvimento e crescimento tem que cumprir etapas ou estágios mais ou menos longos. Não perdendo de vista as conseqüências de ações pretéritas e dos merecimentos do presente, não devemos esquecer-nos das perspectivas do futuro. Tudo tem seu tempo, tudo tem seu espaço.

Para construir qualquer coisa, em qualquer sentido, deve-se ter a necessária preocupação em firmar uma base, no mínimo adequada ao que se espera no futuro. Na Natureza, encontramos um exemplo simples: “A semente quando germina, começa pela raiz e não pelas folhas. Antes das folhas surgem os galhos”. É simples, não? Entretanto, muitos querem começar pelos frutos... Partamos de vez para construir esta necessária base sólida e estável, procurando saber em seu ser aonde se quer ir e até onde a realidade, a sua realidade espiritual permite alcançar. Avaliemos nossas condições físicas, mentais, emocionais, morais e espirituais, aperfeiçoando, inclusive, o nosso ser mental, astral e físico para compreender o que pode e o que não pode em um dado momento.

Vamos determinar como objetivo o despertar da essência, cuidando dia a dia de nossa estrutura em todas as dimensões.

Cabe lembrar que a afirmativa do se dar, do sentir, do realizar, ocorre somente quando a ação comunga com a intenção. Não devemos fazer por fazer, não levando em conta o que se pretende! Quantas vezes percebemos pessoas que realizam alguma coisa na expectativa de receber algo em troca, mesmo que não verbalize esse sentimento? A vida nos dois planos nos ensina a necessidade de retirarmos as máscaras, rótulos, muletas, na expectativa de realizarmos algo em favor dos outros. Mas, o amadurecimento é oportunamente lento, com a finalidade que se possam fixar os conceitos básicos mencionados por Jesus. Pois, de modo contrário, no primeiro obstáculo, haveria o retrocesso.

Assim, devemos nos preocupar constantemente em fixar os conceitos em nossa essência, dentro dos nossos limites externos e não demonstrar através de um “teatro” a falsa idéia de quem somos realmente. É preferível, neste caso, assumir externamente o que se é internamente. Assim, dentro desta autenticidade, outros poderão auxiliá-lo a encontrar o caminho reto, identificando os desvios.

Se atropelarmos a evolução racional, antecipando processos na retirada de nossas “cascas”, o cerne não estará preparado para ficar em pé. Fica realmente difícil atingir a plenitude espiritual sem experimentarmos as correções morais.

Se neste processo não tivéssemos a oportunidade de aperfeiçoarmos com o aprendizado prático, quaisquer ações que nos impedisse de exercer esse direito, certamente nos transformaria em “mentiras”. Como podemos ensinar alguém a atravessar o rio, se não o fizermos também? Ou como naquela parábola de Jesus, onde Ele perguntava: “Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco?”.

Tudo, neste e no outro lado da vida, acontece naturalmente, inclusive o despertar para a evolução. Amai-vos uns aos outros, que Deus cuida e provê o resto.

Para reflexão:

Ângelus Silésius

Dizes que ainda verás Deus e sua Luz. Tolo, nunca há de vê-Lo, se não O vês hoje.

Krishnamurti

Ninguém pode chegar até a Verdade usando o caminho dos outros. A Verdade não pode ser organizada; é impossível organizar uma crença. A fé é uma questão puramente pessoal – e se não for assim, ela termina morrendo.

Buddha

Se o homem vive na ilusão de que pode fazer o que lhe apetece sem nunca sofrer as conseqüências de seus atos, logo compreenderá que esses atos, quando não nobres nem puros, só lhe poderão acarretar sofrimentos.

Omar Kháyyam

Além da Terra, além do Infinito, eu procurava em vão o Céu e o Inferno. Mas uma voz me disse: O Céu e o Inferno estão em ti mesmo.

Krishnamurti

A partir do momento que seguimos alguém, deixamos de seguir a Verdade. Vocês pensam e esperam que uma pessoa realize milagres, na certeza de que esta pessoa será capaz de conduzir todos até o reino da felicidade. Mas é um equívoco: Ninguém tem a chave desse reino – apenas vocês mesmos.

Shri Shankara
Enviado por Shri Shankara em 21/06/2020
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