Somos o que aprendemos a ser
Somos o que aprendemos a ser até que haja alguma forma de intervençao que nos ensine a ser diferentes.
Nascemos com uma personalidade diferente dos outros, digo isso por já ter trabalhado com crianças muito pequenas. Alguns, por natureza, são mais estressados. Outros, tem uma personalidade calma.
Minha mae disse que ao nascer meu irmao quase não chorou. E então ela pensou: Esse vai ser calmo. Alguns anos depois, minha mae se perguntava quem era a criança que estava gritando tanto na outra sala em que ficavam também outros recém-nascidos. Bem, era eu. E então ela pensou: Essa vai ser brava.
Coincidencia ou não, assim aconteceu. Meu irmao sempre teve mais facilidade em ficar calado e demonstrar obediencia. E eu, sempre tive mais dificuldade em guardar para mim as minhas opinioes, pelo menos em alguns aspectos.
Alguns aspectos da nossa personalidade são aparentes desde o dia do nascimento e são intensificados ou modificados pelo ambiente em que vivemos. Algumas características, porém, aprendemos a demonstrar de acordo com os príncipios que vamos adquirindo das pessoas que nos cercam. E aí estabelecemos o padrao do que deve ser considerado certo e do que deve ser considerado errado.
Achamos que nossos pais sabem de tudo, que qualquer pergunta pode ser respondida por eles, imitamos suas atitudes, nos sentimos pesarosos se temos a desaprovaçao deles em algum sentido. Porque aquilo foi o que aprendemos a ser, foi o alicerce.
Quando crescemos, porém, vamos entendendo que os adultos nem sempre tem as melhores respostas ou as melhores maneiras de agir. E aprendemos, as vezes de maneira dura, que algumas coisas que aprendemos a ser, vamos precisar, desaprender, se quisermos evoluir, ter relaçoes mais saudáveis e assim por diante.
Descobrimos que independente da nossa criaçao, sempre podemos moldar a nossa personalidade e aprender novos conceitos do que é certo e do que é errado. Alguns princípios permanecem em nós e outros vamos treinando diariamente até que por fim consigamos jogá-lo em direçao ao abismo do esquecimento.
Descobrimos também de que essa história de “eu sou assim mesmo, as pessoas tem que aceitar” é apenas uma desculpa para não se esforçar em evoluir. Porque na verdade, as pessoas precisam de motivos para nos amar, ao contrário do que dizem, o amor não é incondicional. E se alguém acha que é, essa pessoa está propensa a entrar em relaçoes abusivas e masoquistas.
Nós precisamos de uma razao para amar as coisas. Amamos as flores porque elas são bonitas, amamos a praia, pela paz que ela nos traz, amamos as pessoas pelo que nós nos tornamos enquanto estamos com elas.
Somos o que aprendemos a ser, e, portanto, podemos aprender a ser diferentes, a melhorar. A desenvolver a arte da calma ou a arte de se arriscar mais, dependendo da necessidade que surge diante de nós. Podemos intervir naquilo que somos, se isso for deixar a nossa vida melhor, mesmo que envolva algum esforço. E as melhores coisas da vida, envolvem trabalho árduo.
Não estou dizendo que podemos simplesmente decidir: Vou ser diferente. Mas que podemos tomar essa mesma decisao todos os dias, e com o tempo, poderemos nos transformar em algo que nem imaginavamos que poderíamos ser.
Carregando conosco apenas uma certeza: não há nada que eu tenha aprendido a ser, que eu não possa desaprender. Mas só aceitamos tal tarefa tao trabalhosa por aquilo que achamos que vale a pena.
@ukeukize @vitoriaprogressiva