A dor do Sol e da Lua.
O Antagonismo é o que, de fato, embriaga os amantes. Nele nem sempre há harmonia por essência. Mais fácil haver guerras e distanciamentos do que paz entre os diferentes. Porém, nas diferenças, identificamos nossos pares. Pelo menos é o que dizem dos opostos. Se ser antagônico é ser feliz, seja eu o antagonismo. Hoje, nada há de mais antagônico do que as relações humanas, especificamente a relação dos amantes. Nada é mais trilhado pela Literatura que a vida destes fiéis representantes do famigerado Amor. Bem me lembro de minhas aulas fundamentalmente regidas por estórias e histórias que me faziam desejar entender melhor a razão por tantos desejos diferentes: ódio, amor, indiferenças, silêncios, gritos, vida e morte e ressurreição. Santificado seja o ódio, pois que nele, assim, o amor reina. Nada mais compreensível que o olhar dos períodos do dia para tentar entender as dores de alívio dos amantes. Se é que há alívio em amar. Se bem me lembro, ao sol e a lua, pelos contos da Grécia mitológica, pertencem o distanciamento e a impossibilidade de encontros; uma estória regida por um sentimento que cada ser humano já foi vítima ou vitimador: a inveja.
Os irmãos Lua, Sol e Crepúsculo sofreram por trazerem a beleza como marca principal da vida. Foi esta beleza esta que, por final, os fez separados. Eram belos e essencialmente diferentes. Assim, nada mais justo do que olhar para estes astros como representantes diretos de um sentimento que, por mais simples que seja, sempre trará dores a quem o tem: a beleza do amor.
Alguns sentem sua dor em silêncio. Outros, sentem sua dor e choram. Outros, preferem evitá-lo. Penso que a última opção seja a mais coerente e inteligente já que nada há mais sensato do que não querer sofrer por um sentimento que tem o ódio como marca do mesmo lado da moeda que o representa: antagonismo. Assim como o sol, a luz e o crepúsculo é quem ama. Num momento, brilha, em outro, entenebrece, e em outro, escurece sob a luz de uma esperança que é regida por cada amanhecer e cada anoitecer. Aos que amam, dizem, resta apenas o minúsculo momento do crepúsculo que serve como ponte entre a dor do sol e da lua. Sorriam, amantes. No amanhecer, há vida. No anoitecer, há esperança.
Sim. Há esperança no crepúsculo, penso, já que nele há a tripartição do dia representados pelas deusas, ninfas do anoitecer.
Que estas me tomem o coração em um crepúsculo sem dores.
É assim:
Ao sol, a vida e a dor da distância.
Ao crepúsculo, a esperança da não-solidão.
A lua, o silêncio e a dor de querer estar perto.
Mas estes são momentos mitológicos.
A mim, mortal, me resta apenas o amanhecer da solidão, já que tenho o meu crepúsculo como base. Pelo menos nele sempre sofro só entre a dor do sol e da lua.