FELICIDADE

É o que penso...*

Alguns sonham com namorado. Muitos conseguem. Outros sonham passar em concursos, ter emprego. Nem todos conseguem. Há ainda os que rezam, oram, creem que a vida possa se resolver por meio de um milagre – que também, para raros, acontece. Muitos desejam a felicidade e muitos são os motivos que alimentam as expectativas de alcançá-la.

Em (quase) todos os investimentos e engajamentos postos em prática para alcançar a tal felicidade o ponto de chegada parece ser realizar algo, um objetivo, um produto, uma meta. A felicidade parece residir em um objeto, em uma realização.

Este é o cenário. O horizonte. Que nunca chega em absoluto, mas que é imprescindível perseguir. Sem esta ilusão não há chance de sonhar. Sem sonhar não há a possibilidade de ser feliz.

A felicidade não existe. Abstrato até na gramática. É um ideal (estado) que reverbera energias que podemos sentir ou que nos afetam em alguns momentos. É o que chamamos de felicidade.

Quando penso nas situações às quais as pessoas atribuem a felicidade (as minhas também) sempre me ocorre a ideia de que confundimos felicidade com satisfação.

O que me leva identificar uma possível distinção é a percepção de que a satisfação tem seu produto, ou o que gera a satisfação na realidade externa. Por sua vez, o ‘objeto’ que gera a felicidade é interno.

Os dois fenômenos são internos. Não há felicidade nem satisfação nos objetos. Eles são meios por meio dos quais sentimos, percebemos e construímos eventos internos (subjetivos) que são representados por palavras.

Por fim, interrompendo a opinião, pondero outra diferença entre ser feliz e estar satisfeito. Satisfação tem preço. Ser feliz não... tem preço.

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* O pensamento, aqui, é expressão de ideias. Opinião. Doxa. Pode permear alguma perspectiva teórica, mas não é o que pretendo. A intenção é dar asas à imaginação, ao livre pensar, e exercitar a escrita.