Sério Combate

Nos últimos dias os nossos ouvidos se inclinaram para um assunto de extrema importância e as almas de muitos se sensibilizaram para o que de tão grandioso ele pode significar, muito se falou sobre racismo, sobre a violência institucionalizada e escancarada contra a população negra, seja pela falta de garantia a direitos básicos, seja pelos excessos policiais, seja pela negação de oportunidades. Muito se falou sobre o cenário subjugado dessa população digna de algo que todos somos: digna de se sentir humana.

É uma pena que em pleno século 21, em pleno 2020, ainda existam pessoas com uma mente involuída, com um senso de humanidade atrasado ou distorcido, que propaguem um preconceito tão injustificável e desprezível. É mais que uma pena. É inaceitável que após anos de história, que após inúmeros exemplos que nos mostram que ações intolerantes só representam retrocessos, o racismo (bem como outras formas de discriminação) exista e persista. Em parte a culpa é nossa, de uma sociedade enraizada em estigmas, que reproduz pensamentos condenáveis sem nem ao menos refletir, sem se indagar sobre o que está fazendo. A culpa também é do Estado, que negligencia ações de combate ao preconceito, ou pior, que até pode ser a fonte de tal atrocidade. A culpa também recai sobre aqueles que não se manifestam, que se omitem, que não conseguem ou não querem reconhecer os seus privilégios, primeiro passo para que colaborem na construção de um mundo mais igualitário.

Com todas essas discussões levantadas, alguns sujeitos mesquinhos, vazios no que de melhor a vida pode oferecer, insistem em suas falas revoltantes, subestimam a importância da conscientização, fazem por menos o diálogo e chamam de “mimimi”. Algo que tira vidas, que faz alguém se envergonhar da sua cor, que faz uma mãe negra refletir se quer mesmo colocar um filho num mundo tão injusto e perigoso, não pode ser banalizado, chamado de “mimimi”, precisa ser visto e revisto, analisado e reanalisado, combatido com a seriedade que exige e vencido sem a menor piedade. Precisamos silenciar a fala racista, desdenhar do preconceituoso, fazê-lo sentir vergonha de ser tão apequenado.

Não é justo que pessoas se odeiem por serem quem são, não é justo que pessoas morram por isso e nós não podemos aceitar injustiças. Avante!

(Texto de @Amilton.Jnior)