O caos extremista
Errado é crer, por meio da mais aguçada prepotência, que o seu eu interior ,declamado superior, é capaz de sanar, com doses necessárias e suficientes, os defeitos corriqueiros e injustos do nosso mundo. Os extremismos,visivelmente presentes na realidade, agregam teor de uma "revolução individualista", isto é, ao invés de, dentro das nossas possibilidades, estabelecermos debates efetivos sobre pontos e vícios socialmente maléficos, fixamos o desejo em adotar uma conduta justiceira e sem fundamentos, cuja finalidade, por mais que extremamente implícita e involuntária, é ter o reconhecimento de nossas lutas autocentradas como recompensa.
Saibamos que a sociedade, por todo sentido coletivista que carrega, só será potencialmente vista como alvo de mudança quando a união for o foco. Com isso, julgar, pisotear e esvaziar a alma alheia, justificando sua ação como revolucionária e justa, só acarretará em uma reação contrária: os confortáveis odiarão mais e os neutros, não olharão com bons olhos. A questão é- e nunca deve deixar de ser- olhar o diálogo como solução:nenhuma transformação eficaz é súbita e repentina, traçar compreensões gradativas, acredito eu, é a mais poderosa arma contra as inescrupulosidades humanas.