Não confunda tempo e distância com sentimento
Não. O tempo não extirpa sentimento. Lembra daquela paixão da adolescência que até hoje se tu lembras te dá sensação de alegria por dentro? Não é propriamente de querer voltar, mas tu sabes bem que o sentimento que ficou é bom, sem mágoa, sem rancor: segue intacto.
Não. A distância não exonera afeto. Se ela sai pela janela a danada da saudade a traz de volta pela porta central do lar do coração.
Basta que rememores aquela pessoa que tu tens amizade desde a infância, e hoje, apesar da distância, nunca mudou o sentimento bom que guardas só de tua mente lembrar o nome ou alguma cena que viveram juntos. Às vezes passar por uma rua em que vocês brincavam dá saudade; noutras apenas dizer alguma expressão faz com que tu ganhes o dia.
Exemplo máximo do que estou a me referir? Relação mãe e filho. Tu sais da casa no final da adolescência no intuito de ganhar a vida na dita “cidade grande”; promete voltar em todas as férias, ligar com frequência, trazê-la para junto de você assim que for possível — financeiramente falando. Mas mesmo no pior cenário, quando tu vais lá de dez em dez anos (ou nem isso), não ligas diariamente até pela correria do dia a dia (cuidado para não confundir correria com ausência de importância) e seguem distantes ao longo de muito tempo. Mudou alguma coisa no sentimento?
Portanto não confunda: tempo e distância não têm a ver com pilantragem; distância e tempo não guardam relação semântica com sacanagem. Esses, muito ao contrário de tempo e distância, levam com rapidez ao ralo o mais belo sentimento e a mais linda homenagem.
Cada sentimento em sua gaveta, por favor.