O Caos e o Cais

Meu abraço apertado é o resultado da força que precisei usar nessa noite turbulenta em que mais uma vez o caos me afogou.

O oceano chamado desespero se apossou do meu barco e me levou pro fundo, de repente não havia mais ar pra respirar.

O que entrava pelos meus pulmões era apenas água, amarga e salgada. Em vão tentei gritar mas não pude, só me angustiava mais.

Eu finalmente consegui emergir, cansada, molhada, com lágrimas no rosto, ainda sinto gosto daquela escuridão.

Eu te vejo sentado junto ao cais, o sol nascente iluminando seus olhos castanhos, que tantas vezes encontrei na escuridão em que estive. Sinto muito por ter te arrastado pra lá, nas tantas vezes em que você tentou me salvar a minha vida.

Hoje entendo que fui injusta em te puxar pro fundo comigo. Agora quando acabo me afogando, espero pacientemente a tempestade passar sem sequer gritar seu nome, ele fica as vezes entalado na garganta, disputando lugar com aquele amargor.

Você me vê caminhando de longe, saindo da água que agora brilha com a luz do sol. Seu sorriso lindo ainda é o mesmo de quando parti. Sou grata por isso.

Cansei de te levar para o meu barco e te arrastar pro meu caos profundo. Sou grata por você ser a primeira visão ao amanhece e porque apesar de não estar mais lá no fundo comigo, você ainda enxuga meus cabelos e me abraça assim que meus pés tocam a praia. Sou grata porque seu beijo faz ir embora aquele gosto de desespero.

THAMILY MURBACH
Enviado por THAMILY MURBACH em 07/06/2020
Código do texto: T6970143
Classificação de conteúdo: seguro