A PARANOIA DA DESCONSTRUÇÃO PÓS MODERNISTA E O ATO DO NÃO QUERER.

É muito perceptível, para qualquer par de olhos que ainda continua aberto nesse mundo turvo, que o ocidente, dia após dia, vem se tornando cada vez mais frenético. Parece-me, que após uma noitada e bastante embriaguez, ao invés de buscar seu leito, procura doses e mais doses de Rum, achando que é assim que se consegue chegar ao mágico de OZ. O problema, porém, é que o máximo que se consegue são vômitos e uma baita dor de cabeça.

Na Idade Moderna, as pessoas estavam buscando o ápice da razão e da organização, na pós modernidade, todavia, as pessoas estão correndo ferozmente em busca da desconstrução ( Derrida que o diga). Eu particularmente não consigo compreender, como na contemporaneidade, as pessoas preferem desconstruir ( ou destruir?) ao invés de cavar alicerces sólidos. Não consigo entender, da mesma forma, como é que as pessoas não conseguiam perceber que Clark Kent e Superman eram a mesma caricatura, se a diferença básica residia em óculos sobre a face. Talvez a resposta fosse, para ambos, simplesmente porque elas não queriam ou não querem!

O problema dos pós modernistas não reside no que eles querem, mas exatamente no que não querem. É somente por não querer algo com muita força de vontade que você acaba não querendo nada. Pode-se dizer que querem um Mundo melhor, mais prazeroso. Esse pode até ter sido o ponto de partida, mas jamais a causa. A causa é não querer, e é não querendo, que abre-se mão dos filés.

Os pós modernistas olharam para os problemas do capital e disseram: nós não queremos ele! Olharam para as guerras, e ao mesmo tempo, para o pacifismo do cristianismo ( paradoxo, né?! mas é nisso que acusam, pelas cruzadas e pelo ópio) e bradaram: vamos destrui-lo! Gritaram a razão: você é rígida demais! Não queremos prisões! E assim inicia a história da desconstrução...

Se qualquer um de nós tivesse forjado uma casa e depois de um longo tempo aparecesse cupim no madeiramento, iríamos destruir a casa inteira ou apenas fazer troca da madeira? A sociedade atual, no entanto, opta constantemente por destruir a casa inteira. Ao invés de buscar soluções para os problemas da sociedade de mercado que trouxe prosperidade inigualável na história da humanidade, ou clamar pelo equilíbrio entre a ira e o pacifismo cristão ( teologicamente, caridade e justiça) que tem historicamente trazido contribuições morais significativas ao Mundo, ou ainda, uma razão que observe as características e particularidades psicosociais dos sujeitos, o que querem, porém, é simplesmente, a negatividade da solução; uma Nova Ordem ( ou desordem?!).

Vale dizer, todavia, que quando optamos por não querer algo, acabamos fazendo algo ( como consequência, e não, como partida), porém, a ação do não querer é sempre esquizofrênica. Uma criança, por visualizar um brinquedo, e por não querer estar na monotonia, ela berra e esperneia. Esse ato não é por querer o objeto, porque se assim fosse, quando a mãe lhe dissesse: assim que puder, lhe compro, ela ficaria feliz! Mas seu choro é exatamente por não querer depois. É por esta razão, que o sujeitinho tenta obrigar a mãe a comprar a qualquer custo. Sendo assim, o não querer, afeta o individual e o coletivo. Quando quero chupar uma manga, eu vou lá e chupo, quando eu não quero, por não me interessar ou por não agradar-me, eu ignoro, mas quando eu não quero que alguém faça bom proveito dela, eu vou lá, e lanço uma pedra.

É dentro dessa analogia que o ocidente tem vivido, no qual, não querendo para sí, nem para os outros, e se achando muitas vezes a redenção salvífica da humanidade, destrói quantos frutos a história tenha nos dado, e o pior, ainda bastante apetitosos. Assim sendo, porém,, acredito que ainda haja tempo de nos livrar dos vômitos resultantes da embriaguez, em que, a única atitude necessária, é querer de volta a lucidez. Querendo simplesmente viver, a gente cresce, quando queremos crescer, a gente vira paranoico.