O Brasil e A Queda ou Como Des(en)cobrir o Brasil?

O Brasil AINDA NÃO FOI EFETIVAMENTE DESCOBERTO.

Eu chego a essa conclusão lendo o início de "A Queda", de Camus. A relação entre os dois elementos (tão díspares, a quem, por acaso, tenha tido contato com a referida publicação [não chamo de obra porque obra é conjunto de livros publicados por autor]) será explicada a seguir.

Uma personagem parece conversar com um homem silente. Fala mais que a boca. Dá, por fim, a impressão de que fala com as paredes – tenham elas ouvido ou não.

De igual modo fazem os idealistas. Sabem que a Educação no Brasil não foi efetivamente aplicada, fundada, instalada. Sofremos por isso. Tal é a falta de cuidado, respeito e apreço por Ela que elegem-se os mesmos candidatos por anos. "Um povo desacreditado, com efeito, apostará suas fichas em propostas fascitas", dirá alguém – não sem (aparente) razão. Ora, ora: que nos legaram as últimas eleições de 1989 para cá? Uma sucessão de erros, culminando, em 2018, para a beira do Abismo Total: político, social, intelectual... Uma frágil corda (um barbante) que nos mantêm seguros dA Queda – em sua iminência.

Implantar a Educação – a Verdadeira: a que acabaria, ainda que precedida por sucessões de tentativa e erro, aprendendo com a experiência das ações pouco efetivas, reitero, a que acabaria com as injustiças sociais. Preparando o terreno para a implementação de uma sociedade cidadã, calcada na urbanidade e no respeito pelo espaço do Outro.

Descobrir o Brasil é dar chances àquelas pessoas ignoradas: os que ainda respeitam o espaço alheio, os que fazem de sua boa educação (não condicionada a graus de estudo) e os que têm empatia pelo próximo, de verem seu exemplo sendo seguido de bom grado. Descobrir o Brasil é respeitar o espaço do Índio, sua Cultura, seus Direitos. Descobrir o Brasil é combater a causa do Racismo, da Falta de Educação: nunca os seus efeitos. Combatendo os efeitos eles reaparecem dali um tempo. Combatendo as causas, impedimos seu regresso.

Descobrir o Brasil é dar voz aos que pouco ou nunca têm chance de se manifestar, salvo em guetos, em espaços minoritários, previamente delimitados. Não é tarefa de Esquerda nem de Direita: é tarefa de cada cidadão, desde seu lar, até as manifestações que tomam as ruas e, longe de constituírem atos de violência e depredação, chamam a atenção pela perseverança com que se mantêm em pé: com propósitos como os de Gandhi. Sem usar a violência, mas sem sair do lugar para dar espaço ao inimigo – dentro e fora de nós.